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O Escândalo

Avaliação:
7/10

7/10

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Crítica | Ficha técnica

O Escândalo dá voz cinematográfica ao movimento #metoo. Assim, incentiva as mulheres que sofreram assédio sexual a contarem suas histórias para que esse comportamento deixe de ser praticado, principalmente na indústria do audiovisual.

O roteiro escrito por Charles Randolph (de A Grande Aposta) se baseia no processo de assédio sexual movido por Gretchen Carlson (Nicole Kidman), apresentadora da Fox News, contra Roger Aisles (John Lithgow), CEO da companhia.

Em paralelo, acompanhamos outra apresentadora, Megyn Kelly (Charlieze Theron) confrontando Donald Trump pouco antes de ele ser candidato à presidência dos Estados Unidos. Kelly virou alvo de Trump e seus admiradores nas redes sociais até sofrer as consequências em sua carreira dentro da Fox News, declaradamente do lado do Partido Republicano. Kelly assume que também foi assediada por Roger Aisles. Por isso, incentiva outras colegas a fazerem o mesmo, o que contribuirá para o processo movido por Carlson.

Por fim, a novata Kayla Pospisil (Margot Robbie) está no filme para ilustrar que o assédio sexual de Roger Aisles era prática corriqueira e constante até o momento do processo judicial. De fato, era acobertado por vários empregados da Fox News, como a secretária de Aisles, que até escolhia as vítimas para seu chefe.

Relatos simultâneos

Os três relatos transcorrem simultaneamente, dividindo a atenção do espectador. Mas essa opção reduz o impacto dramático do filme, e O Escândalo falha em sua intenção de emocionar o público. Sob outro aspecto, funciona em sua proposta de transmitir o constrangimento que as vítimas do assédio sexual sofriam. Por exemplo, a cena em que Kayla é apresentada ao todo poderoso CEO consegue mostrar como as mulheres se sentiam impotentes diante da situação. Afinal, uma negação significaria um adeus à tão desejada carreira na indústria televisiva. Aliás, é um trecho crucial para calar os argumentos de quem pensa que elas se aproveitavam dessas oportunidades consensualmente para crescerem na empresa.

Mas o filme se perde um pouco ao não se conter nos ataques ao atual presidente dos EUA, Donald Trump, desviando o rumo da história principal. Dessa maneira, desperdiça ainda mais seu impacto dramático.

O diretor Jay Roach, que já fez a biografia Trumbo: Lista Negra (2015), filma O Escândalo de forma tradicional. O único destaque de ousadia está nos trechos em que cada uma das três protagonistas conversa com o espectador dirigindo-se diretamente à câmera – recurso conhecido como a quarta parede. Além disso, merece elogios por mesclar cenas reais e encenadas sem que se possa perceber, exceto se você conhecer as pessoas e fatos retratados.

Assim, O Escândalo tem seu valor como parte do movimento #metoo, com ótimas atuações de seu elenco principal e secundário (reparem como John Lithgow está ótimo como Roger Aisles) e direção correta. Mas seria mais emocionante se se concentrasse em uma das protagonistas, ao invés de diluir a atenção entre três personagens.


O Escândalo (filme)
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