Esse filme B de ficção-científica funcionou tão bem que deu origem a mais cinco continuações. O diretor Charles Band realizou O Exterminador do Século 23 na sua própria produtora, a Empire Pictures, empresa que viria a lançar filmes que se tornariam cult – por exemplo, Do Além (1986) e A Hora dos Mortos-Vivos (1985).
E a história de O Exterminador do Século 23 tem muitos pontos em comum com O Exterminador do Futuro (1984), além do título nacional comercialmente apelativo. No filme de Charles Band, estamos em Angel City, que é a parte de Los Angeles que não ficou submersa no mar, no ano de 2247. O policial Jack Deth roda pela cidade obstinado em eliminar os últimos trancers, que são pessoas que foram transformadas em uma espécie de zumbi pelo vilão Whistler através da hipnose. A motivação de Jack Deth é pessoal, pois um trancer matou a sua esposa.
No entanto, Whistler possui um plano ambicioso. Ele volta no tempo para 1985 para eliminar os ancestrais dos seus atuais opositores, para que possa reinar absoluto no futuro. Jack Deth é um deles, e ele viajará no tempo para impedir Whistler, que incorpora no corpo de um detetive de polícia. Então, Jack Deth contará com o apoio de Leena (uma Helen Hunt bem jovem, ainda com apenas 20 anos) nessa arriscada missão.
Cenário típico dos anos 1980
A decoração de arte de O Exterminador do Século 23 se inspira em Blade Runner – O Caçador de Androides (1982). Nesse sentido, as ruas à noite são nevoentas e com muita luz neon. Como era comum na época, a trilha sonora é repleta de música eletrônica, que hoje soa até desconectada com a ação que acontece na tela. Se essas características acabam datando o filme, em uma sequência o longa-metragem de Charles Band parece à frente do seu tempo. Estamos falando daquela onde o aparato que Jack Deth recebeu no futuro para reduzir a velocidade do tempo possibilita o primeiro momento de bullet time no cinema. Ou seja, aquele efeito eternizado em Matrix (1999), que coloca alguns personagens em cena se movimento com mais velocidade que o restante da ação em tela.
Em sua parte inicial, o filme incorpora o film noir nesse cenário futurista. Conhecemos Jack Deth como narrador da estória, se apresentando como um detetive durão que não respeita a hierarquia da polícia. Essa influência, porém, é abandonada ao longo do filme, que se concentra nas cenas de ação, com perseguições e tiroteios. Dessa forma, desperdiça o charme da mistura do noir com ficção científica, combinação essencial para a atmosfera do clássico Blade Runner – O Caçador de Androides.
Por fim, O Exterminador do Século 23 apresenta uma resolução inteligente, que justifica a permanência de Jack Deth em 1985. Aliás, fato que se mostrou extremamente útil quando seu relativo sucesso levou a uma continuação, e que depois conduziria a outras sequências. É um filme B realizado com baixo orçamento, mas, que ainda hoje consegue divertir.
O filme também é conhecido pelo título nacional Trancers: O Tira do Futuro.
Ficha técnica:
O Exterminador do Século 23 (Trancers, 1984) EUA. 76 min. Dir: Charles Band. Rot: Danny Bilson, Paul De Meo. Elenco: Tim Thomerson, Helen Hunt, Michael Stefani, Art LaFleur, Telma Hopkins, Richard Herd, Anne Seymour, Miguel Fernandes, Biff Manard, Peter Schrum, Barbara Perry.
O dvd de O Exterminador do Século 23 está no box Clássicos Sci-Fi Vol. 4 da Versátil Home Vídeo.