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O Garoto Mais Bonito do Mundo (filme)
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O Garoto Mais Bonito do Mundo

Avaliação:
8/10

8/10

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Crítica | Ficha técnica

O documentário O Garoto Mais Bonito do Mundo traz de volta às telas o ator que personificou a Beleza, ao viver o personagem Tadzio em Morte em Veneza (Morte a Venezia, 1971), filme de Luchino Visconti. Na verdade, o sueco Björn Andrésen continuou atuando, mas em papéis pequenos. Um exemplo recente desses trabalhos é interpretando um dos idosos que salta da montanha em Midsommar: O Mal Não Espera a Noite (Midsommar, 2019), como registra esse longa documental. Ninguém o reconheceu, afinal, ele já estava com 64 anos, quase cinquenta a mais do que nas filmagens em Veneza.

Kristina Lindström e Kristian Petri, realizadores deste documentário, vão além do relato distanciado da vida de Björn Andrésen. Filmam dentro do seu apartamento, começando por um momento crítico, quando o proprietário do imóvel pede sua saída, porque ele costuma esquecer o fogão ligado e deixar os cômodos sujos. Contando com o incentivo de sua namorada Jessica Vennberg, ele começa a colocar o apartamento em ordem, para a futura vistoria do locador, que o filme mostrará.

Ademais, Lindström e Petri levam novas experiências para a pessoa retratada no documentário. Assim, Björn viaja para o Japão, onde revê velhos conhecidos da época em que, como o filme mostra, ele era uma celebridade que causava histeria em suas fãs. É curioso como uma artista revela, e comprova, que os traços do garoto inspiraram seus desenhos de mangá.

Passado problemático

O Garoto Mais Bonito do Mundo apresenta vasto material, com qualidade, de registros fílmicos antigos. Assim, vemos o teste para o papel de Tadzio. Alias´, o documentário faz questão de ressaltar que foi abusivo pedir que o menino tirasse a camisa. E, assim por diante, até os comerciais e músicas que Björn gravou no Japão. Há, também, vídeos caseiros com imagens de sua mãe, e dele e sua irmã quando crianças, e, também, da época em que foi casado.

Com isso, adentra no seu passado problemático. Björn nunca conheceu seu pai, sua mãe se suicidou, e a única figura familiar de sua vida foi, de fato, sua meia-irmã. Novamente, Lindström e Petri interferem nesse assunto e o levam até os registros oficiais sobre a morte da mãe, que ele nunca havia investigado até então. De forma um tanto intrusiva, a produção força o reencontro de Björn com sua filha. Com isso, levantam outra tragédia, quando o bebê dele morreu ao seu lado, enquanto ele estava apagado de tanto beber. Perda que destruiu o casamento com Suzanna Roman, que só vemos em fotos.

Manipulável

Sem intenção, O Garoto Mais Bonito do Mundo revela o traço comportamental que impediu Björn Andrésen de ter uma vida melhor. Ou seja, sua predisposição para aceitar as propostas que as outras pessoas lhe fazem. Como vemos, ele concordou em deixar os realizadores guiarem sua vida durante a produção do documentário. Da mesma forma que antes disse sim a Visconti, aos agentes japoneses, a um artista francês… etc. O resultado, como filme, é ótimo, mas seus diretores perigosamente se beneficiam da fraqueza que eles mesmos nele salientam. Assim, a troca de olhares entre Björn jovem (como Tadzio) e Björn velho (como representado no documentário), na cena que fecha o filme, ganha outra significação. Ou seja, a de que Björn continua a mesma pessoa suscetível de ser manipulada.  


O Garoto Mais Bonito do Mundo (filme)
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