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O Homem que Vendeu sua Pele (filme)
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O Homem que Vendeu sua Pele

Avaliação:
8/10

8/10

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Crítica | Ficha técnica

A pintura está no tema e na direção de O Homem que Vendeu sua Pele, longa tunisiano que foi indicado ao Oscar de melhor filme estrangeiro em 2021.

Sam Ali, refugiado sírio no Líbano aceita vender suas costas para o renomado artista Jeffrey Godefroi tatuar sua obra. Dessa forma, Sam consegue um visto europeu e pode ir atrás de Abeer, sua namorada síria, hoje casada e morando na Bélgica. Com a obra de arte em suas costas, Sam se torna valioso. Por isso, se hospeda em hotéis de 5 estrelas nos locais onde ele é exibido com pompa. No entanto, isso não o ajuda a se aproximar de Abeer, e ainda se torna alvo de ativistas em defesa de refugiados.

O filme se mantém instigante por causa do protagonista. Sam Ali não é aquele personagem charmoso ou altivo que logo ganha a empatia do público. Na verdade, ele atrai pela sua humanidade. Suas escolhas, suas dores, suas fraquezas, enfim, todas suas atitudes são próprias de qualquer pessoa. E, por isso, Sam se torna imprevisível, assim como o enredo do filme. Em especial, a sua conclusão, que é inesperadamente otimista. Vale apontar que vários espelhos aparecem nas cenas, revelando as várias dúvidas que atormentam Sam.

A pintura no filme

Pelo lado formal, a diretora síria Kaouther Ben Hania, que também é a roteirista, apresenta uma destacada qualidade pictórica em O Homem que Vendeu sua Pele. Com isso, se alinha com o assunto principal do filme, que é a arte. Nesse sentido, merece atenção a fotografia, a cargo de Christopher Aoun, de Cafarnaum (2018). Aoun manuseia a luz e as cores com a destreza de um pintor. Além disso, vários enquadramentos comunicam em imagens a essência da cena. Por exemplo, as molduras formadas pela porta do trem que simbolizam a separação entre Sam e Abeer.

Além disso, O Homem que Vendeu sua Pele apresenta importantes questionamentos. Por um lado, enaltece a arte, através da mise-en-scène e do personagem Jeffrey Godefroi, que é um autêntico artista. Em oposição, está Soraya Waldy, vivida pela atriz italiana Monica Bellucci. Ela é a empresária que encara a arte como negócio, e, consequentemente, Sam como um objeto.

Então, surge a outra questão crucial do filme, colocando na balança a arte como contrapeso do ser humano. Nesse ponto, Sam se rebela no leilão onde ele está à venda, e apavora os compradores de arte que ignoravam sua presença. Aliás, esse trecho remete à performance agressiva em um jantar no filme The Square – A Arte da Discórdia (2017), que também discute esse tema.

Com uma perfeita harmonia entre a trama e a mise-en-scène, e sem fugir de polêmicas, O Homem que Vendeu sua Pele surpreende. No entanto, o final feliz acaba traindo essa consistência.


O Homem que Vendeu sua Pele (filme)
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