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O Lobo Atrás da Porta (filme)
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O Lobo Atrás da Porta

Avaliação:
10/10

10/10

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Crítica | Ficha técnica

“Surpreendente” é a palavra que melhor descreve O Lobo Atrás da Porta. O diretor e roteirista do filme, Fernando Coimbra, monta uma estrutura que leva o espectador a visitar vários gêneros e, consequentemente, a diferentes suposições sobre que rumo a estória tomará. Primeiro, o sumiço da menina, com início da investigação na delegacia, encaminha a trama para um suspense policial. Com a abertura dos depoimentos colhidos pelo delegado (Juliano Cazarré), tem-se a impressão que partiremos para um daqueles filmes de investigação, nos moldes de Agatha Christie.

Quando Sylvia (Fabiula Nascimento), a esposa, começa a contar como era o relacionamento com o marido Bernardo (Milhem Cortaz), começa-se a construir um drama familiar, enriquecido a partir do momento em que o rapaz relata o seu caso com sua amante Rosa (Leandra Leal), desde a primeira aproximação, até o último encontro que nunca aconteceu. O depoimento de Rosa aparenta que o sequestro foi só um plano para dar um susto em Bernardo, o que posiciona o filme como um drama romântico.

Flashback mais detalhado

Eis que o delegado resolve chamar Rosa para depor novamente. O flashback agora está mais detalhado, sob o ponto de vista da amante que, revela ter construído audaciosamente uma amizade com Sylvia. O espectador sente-se até um pouco frustrado, pensando que assistirá o drama “sinta pena de mim” ou “olha como eu sofri” por parte da moça que se sentiu usada como um objeto sexual.

Porém, o relato se torna cada vez mais sombrio. Gradativamente, mergulha o personagem num abismo à beira da loucura. E, retrata isso de forma convincente na cena da igreja, onde a expressão da atriz Leandra Leal, juntamente com os movimentos e ângulos de câmera, denuncia a transformação da feliz apaixonada do caso extraconjugal para a desnorteada mulher. Ela está cegada pelos acontecimentos pelos quais se submeteu. Aliás, uma insanidade que o espectador aceita como compreensível, por mais surpreendente que seja.

A direção

Fernando Coimbra conduz magistralmente o espectador, que se concentra na trama amorosa dos amantes e da possível reconciliação do casal, e fica totalmente exposto à chocante parte final. O diretor reproduz a técnica de condução do espectador que Hitchcock usou em Psicose (Psycho, 1960). Ou seja, nos dois filmes, o espectador se envolve com a fuga da personagem que roubou dinheiro de seus patrões. Além disso, ela é interpretada pela atriz principal do filme, Janet Leigh. Então, a cena do assassinato no chuveiro arrebata a plateia como uma surpresa enorme.

Porém, há uma regra do próprio Hitchcock que Coimbra quebrou. O diretor inglês admitiu que também cometeu esse erro em Pavor nos Bastidores (Stage Fright, 1950).  Em ambos os filmes, há uma sequência em flashback que é uma mentira. É admissível, claro, que um personagem conte uma lorota. Mas, a partir do momento em que ela é retratada em imagens no filme, o diretor passa a enganar o espectador. Isso acontece na cena da primeira conversa de Rosa com a ardilosa Rita.

Mesmo assim, O Lobo Atrás da Porta é, repito, surpreendente.


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