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O Mago das Mentiras (filme)
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O Mago das Mentiras

Avaliação:
8/10

8/10

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Crítica | Ficha técnica

“O Mago das Mentiras” conta a história de uma das maiores fraudes financeiras dos Estados Unidos. Trata-se de uma produção para a TV da HBO, com trio de talentos principais de alto renome. Nele, o experiente Barry Levinson, vencedor do Oscar em 1989 com “Rain Man”, dirige Robert De Niro e Michelle Pfeiffer, nos papéis do financista Bernard Madoff e sua esposa Ruth. O tom é semidocumental, e notam-se influências de produções modernas do gênero, que alinham o drama e o didatismo com recursos visuais atuais.

A estrutura narrativa não é linear, e “O Mago das Mentiras” começa com a prisão de Bernie Madoff em 2008. De imediato, sua personalidade fica clara ao demonstrar na tela a frieza com que ele aceita ser levado pelos policiais. Em seguida, cenas em cortes rápidos exibem o financista arrumando organizadamente suas roupas antes de partir. Sua obsessão pelo controle, pelo planejamento, denuncia como ele conseguiu implantar um gigantesco esquema Ponzi. Ou seja, uma pirâmide onde ele pagava retornos altos aos investidores com dinheiro de novos aplicadores, e não com o rendimento em si das ações.

Bernie Madoff

Madoff construiu uma reputação respeitada, chegou até a presidir a NASDAQ. E se aproveitou de sua imagem que inspirava uma falsa confiança. Mas, o filme não glorifica seu talento em dissimulação, como parece indicar o título do filme. Nesse sentido, a trilha sonora em tons agudos comprova que a opção do diretor Barry Levinson recai em apontar a seriedade desse crime. De fato, isso se torna ainda mais evidente quando empresta o recurso, didático e visual, de montar o rosto de Madoff juntando fotos de centenas de vítimas que entraram no esquema da pirâmide. Por isso, o filme não esconde o prejuízo pessoal de muitos deles, que tiveram suas vidas econômicas destruídas sem piedade.

E esse estilo documental se alterna com o drama de Madoff. Ele é abandonado por todos de sua família, a quem ele planejara deixar um alto montante de riqueza. Tal programação cai por terra quando os próprios filhos resolvem denuncia-lo. Como resultado, ele recebe uma pena de 150 anos de prisão. Logo depois, lhe informam sobre a tragédia que cai sobre os filhos. Além disso, ele sofre delírios por causa do mal que causou. Assim, em montagem com rápidos flashes, as fotos das vítimas perturbam o ex-milionário.

Por fim, a conclusão do filme acompanha o fechamento de uma entrevista. É ela que serviu de mote para Madoff contar sua história, com uma pergunta que ele faz para a agressiva repórter. Enquanto um lento zoom se aproxima do rosto de Madoff até um close-up extremo, o próprio espectador responderá ao seu questionamento.

Robert De Niro

Em meio a tantos papéis pequenos e outros principais em filmes tolos, nos últimos anos, Robert De Niro encontra aqui um papel à sua altura. Na verdade, o filme demanda até uma caracterização física específica de um personagem real que não é retratado com maniqueísmo. Afinal, o próprio Madoff argumenta à repórter se ela (e, na verdade, toda a opinião pública) acha que o crime dele pode ser comparado ao de um sociopata. E De Niro revela a inquietude interna de Madoff com maestria. Em outras palavras, sutil na maior parte do tempo, até momentos de explosão na parte final.

Feito para a TV

Já se passou o tempo em que um filme feito para TV significava falta de qualidade. Na verdade, isso acontecia muito entre 1970 e 1990. Agora, o home entertainment virou uma das principais janelas de exibição. Afinal, só o trio de talentos aqui envolvido já comprova isso. “O Mago das Mentiras”, aliás, é muito melhor do que muitos filmes feitos para o cinema. Parece um pouco lento no início, mas tem o timing necessário para se aprofundar nos fatos, e até nas explicações do esquema. Dessa forma, prepara o espectador para o que se desenrola no final. Ademais, essa liberdade de duração também resulta do novo patamar das produções para a televisão. Enxugar o roteiro para caber nos tradicionais 90 minutos poderia ter levado o filme a parecer exploratório.


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