Os produtores de O Malvado: Horror no Natal (The Mean One) tentam vender o filme como uma mistura de comédia e terror. Mas, na verdade, as piadas se restringem apenas à não disfarçada tentativa de evitar falar o nome Grinch, já que esta é uma versão distorcida do personagem do livro “How The Grinch Stole Christmas”, de Dr. Seuss. E por que não mencionar se é tão óbvio? Talvez para evitar pagar os direitos autorais e para não dar os devidos créditos. O filme pode fazer rir, no entanto, naquela pegada “tão ruim que dá vontade de rir” que gerou franquias como Sharknado.
O Grinch, chamado aqui de O Malvado, quer destruir o Natal, como o personagem da estória original. Porém, neste filme, ele faz isso como um serial killer, assassinando com crueldade aqueles que tentam comemorar a data montando árvores, enfeitando a casa ou entoando canções com motivos natalinos, na pequena cidade do interior onde ele vive escondido na mata. Essa maldição começou há 20 anos, quando a menina Cindy flagrou o Grinch em sua casa e sua mãe o chamou de monstro. Este assumiu essa faceta maligna e matou a mãe. Agora, Cindy retorna com seu pai à cidade na época do Natal, a fim de superar esse trauma.
Na cidade, é proibida qualquer alusão ao Natal. No entanto, Cindy e o pai resolvem decorar a casa, e o Malvado aparece e mata o pai. Oficialmente, o xerife não acredita no testemunho de Cindy, e esta resolve enfrentar o monstro sozinha. Logo, recebe a ajuda de dois moradores locais.
B de barato
Esse é um daqueles filmes B que não conseguem disfarçar o orçamento apertado. Para começar, o elenco é sofrível, e os diálogos péssimos fazem todas as conversas parecerem falsas. Até a narração irrita, ao imitar a voz off que embala filmes sobre contos infantis, com rimas forçadas. A direção de arte também escancara a produção pobre, principalmente nos planos gerais. Na verdade, falta capricho, pois o plano geral do restaurante onde acontece um assassinato em massa mostra vários carros no estacionamento, quando na verdade só o grupo de vítimas estava no local. A fotografia, então, mal consegue manter uma unidade visual dentro das cenas, muito menos no filme todo.
Cabe aí uma grande parcela de culpa do diretor Steven LaMorte, neste seu quinto longa-metragem. Apesar de seu sobrenome talhado para dirigir filmes de terror, LaMorte entrega que não entende do seu métier. Constrói montagens mal-feitas (Cindy e seu pai decorando a casa, ou Cindy treinando para enfrentar o Malvado), sem uma ordenação coerente dos planos. Abusa da câmera na mão, recurso que parece que foi escolhido para economizar tempo e não para dar alguma significação narrativa, como deveria ser.
Voltando à questão das falas mal escritas, os únicos momentos que se salvam no filme são aqueles com o Grinch se comunicando através de mímica. Isso é fruto do trabalho do ator David Howard Thornton, aquele que interpretou outro serial killer, o Art the Clown de Terrifier (2016) e Terrifier 2 (2022), que são dignos exemplos de filmes B de terror. Por isso, esses vilões são um bocado parecidos – inclusive, na cena da parada festiva, o Malvado se veste de palhaço, quebrando até a sua iconicidade. Na verdade, esse erro não tem muitas consequências, pois dificilmente O Malvado: Horror no Natal ganhará uma sequência.
___________________________________________
Ficha técnica:
O Malvado: Horror no Natal | The Mean One | 2022 | EUA | Direção: Steven LaMorte | Roteiro: Steven LaMorte, Flip Kobler, Finn Kobler | Elenco: David Howard Thornton, Krystle Martin, Chase Mullins, John Bigham, Erik Baker, Flip Kobler, Amy Schumacher, Tina Van Berk, Saphina Chanadet.
Distribuição: A2 Filmes
Assista ao trailer aqui.
