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O Morro dos Ventos Uivantes (2011)
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O Morro dos Ventos Uivantes

Avaliação:
7/10

7/10

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Crítica | Ficha técnica

A diretora inglesa Andrea Arnold assina a mais corajosa adaptação do livro “O Morro dos Ventos Uivantes”, de Emily Brontë.

O Morro dos Ventos Uivantes, de Andrea Arnold, se distancia do cinema clássico e se aproxima dos filmes de arte. Afinal, a diretora filma com a câmera na mão, muitas vezes usando a visão subjetiva, muitos planos detalhes, imagens escuras. Adicionalmente, há poucos diálogos, principalmente na primeira parte, quando o jovem Heathcliff ainda não aprendeu o idioma inglês. Além disso, há também alguns rápidos planos de flashback, que quase subliminarmente remetem a experiências anteriores do protagonista, e que impactam no presente. E, ainda, metáforas com animais – por exemplo, coelho, cachorro e mariposa.

Heathcliff negro

Acima de tudo, esta versão impacta por trazer um Heathcliff negro, como muitos estudiosos acreditam que o livro de Brontë indica. Dessa forma, fica mais evidente os motivos do preconceito de Hindley, irmão de Cathy, e de outros moradores da região. E a estória acontece em 1801, numa região perto de Liverpool, centro portuário por onde passavam navios com escravos africanos. Com isso, vemos também por que Heathcliff era forçado a trabalhar, sendo até submetido a chicoteadas como punição.

Ademais, a primeira parte do filme traz Heathcliff e Cathy ainda adolescentes. E é nessa época que nasce a afeição, e a atração, entre eles. Apesar de o filme não mostrar uma relação sexual dos dois nesse trecho, há um rápido plano no seu final que indica que ela aconteceu. De qualquer forma, o que fica evidente é que Cathy é quem provoca o recém-chegado novo membro da família, que ainda nem falava inglês. Por isso, o jovem fica tão revoltado que foge quando Cathy resolve se casar com o vizinho que é rico e culto.

O retorno de Heathcliff

Em seguida, a segunda parte do filme traz outros atores, agora adultos, para continuar a estória a partir do retorno de Heathcliff. Enquanto esteve ausente, ganhou dinheiro e educação. Agora, volta para se vingar dos maus-tratos de Hindley e rever Cathy. E ele continua apaixonado por Cathy, que a rejeita novamente. Como vingança, ele se casa com a cunhada de Cathy.

No filme, a maldade que toma conta de Heathcliff é representada por um ato cruel: ele larga o cachorro da casa de Cathy pendurado pela coleira em um galho de árvore. Analogamente, o filho de Hindley repete o mesmo ato, evidenciando que herdou a maldade do pai.

Essencialmente, Morro dos Ventos Uivantes é mais uma estória de crueldades do que de amor romântico. E essa versão fílmica de Andrea Arnold captura essa ideia e a retrata nas telas. Primeiro, nos cenários que revelam fazendas rústicas, e não belas mansões do século 19. Depois, no estilo de filmagem que tornam tudo obscuro, desde a fotografia até a difícil compreensão pelos planos exageradamente aproximados que não permitem distinguir o todo. Sem contar, ainda, com o aspecto quadrado da tela, que se opõe à amplitude do widescreen.

Com tudo isso, o Morro dos Ventos Uivantes de Andrea Arnold é um corajoso retrato da crueldade humana que sufoca o florescimento do amor.

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Ficha técnica:

O Morro dos Ventos Uivantes (Wuthering Heights) 2011. Reino Unido. 129 min. Direção: Andrea Arnold. Roteiro: Andrea Arnold, Olivia Hetreed. Elenco: Kaya Scodelario, James Howson, Solomon Glave, Shannon Beer, Paul Hilton, Simone Jackson, Steve Evets, Lee Shaw, Amy Wren.

Leia também: crítica da minissérie O Morro dos Ventos Uivantes, de 2009.

Onde assistir:
O Morro dos Ventos Uivantes (2011)
O Morro dos Ventos Uivantes (2011)
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