O Orfanato, terceiro longa de ficção da diretora Shahrbanoo Sadat, apresenta a vida em um orfanato sob as lentes de um garoto apaixonado por Bollywood.
A estória se passa em Cabul, capital do Afeganistão, em 1989, durante o governo provisório pró-URSS. Lá, o adolescente Qodrat costuma se divertir assistindo a filmes de Bollywood no cinema. Ao mesmo tempo, aproveita para ganhar dinheiro como cambista nas concorridas sessões cujos ingressos logo se esgotam. Porém, por causa dessa atividade legal, ele é levado para um orfanato.
Logo após essa parte inicial, o filme retrata a vida de Qodrat no orfanato. Entre outras experiências, destacam-se o abuso do líder mais velho e mais forte, as novas amizades, o diretor protetor, bem como a viagem doutrinária para a URSS. Por fim, a queda do governo pelas forças Jihadistas impacta diretamente na administração do orfanato.
Leveza
Essencialmente, a vida dentro do orfanato é dura. Afinal, além de sofrerem nas mãos do líder valentão, os meninos ainda enfrentam uma tragédia com a troca do governo. Porém, a diretora Shahrbanoo Sadat prefere contar essa experiência com leveza. Nesse sentido, faz uso da paixão do protagonista Qodrat pelo cinema indiano. Dessa forma, pode introduzir com naturalidade três sequências musicais, que espelham a imaginação do garoto vivenciando cenas dos filmes de Bollywood.
Assim, ele fantasia namorar uma menina do orfanato, passear com o amigo, e, até se sentir dentro de um melodrama quando acontece um assassinato de uma pessoa querida. Adicionalmente, Qodrat se coloca no papel de herói para destruir os inimigos Jihadistas.
E, como muitos acontecimentos se sucedem rapidamente, podemos assistir a O Orfanato como um filme divertido. Por outro lado, como não se concentra apenas no protagonista, alternando a perspectiva entre outros personagens importantes, a emoção fica diluída, apesar de contar com uma gama de figuras interessantes. Como resultado, a nostalgia da estória se transforma em um filme de aventura, e não num drama tocante.
