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Poster de "O Porteiro da Noite"
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O Porteiro da Noite

Avaliação:
7/10

7/10

Crítica | Ficha técnica

O que faz de O Porteiro da Noite um filme polêmico não são os cartazes e fotos de divulgação com a Charlotte Rampling parcialmente nua em roupas sadomasoquistas. Se fosse isso, o tempo derrubaria. E o longa de Liliana Cavani nem traz cenas ousadas de sexo para sustentar isso. As imagens icônicas, aliás, se referem a uma sequência onírica.

A polêmica, na verdade, mora na sua trama. Levanta o tema da paixão entre torturador e vítima, mas com o agravante de o primeiro ser um oficial nazista e a segunda uma prisioneira judia. Os dois se reencontram, por acaso, 13 anos após o fim da Segunda Guerra Mundial, no hotel em Viena onde o oficial, Maximiliam (Dirk Bogarde), trabalha como porteiro noturno. Lucia (Charlotte Rampling) está casada com um músico que se apresenta na cidade. Ao se reconhecerem, se assustam, e flashbacks intercorrentes revelam cada vez mais o relacionamento entre eles durante a guerra. A princípio, a muito jovem Lucia sofreu com o agressivo militar alemão, mas depois apreciou o tratamento especial que recebeu.

Mas, como ela reagiria após esses anos, já mais madura? A decisão pela retomada da paixão surpreende. Lucia novamente se submete às exigências do ex-torturador. Abandona o marido, e permite que Maximiliam a mantenha acorrentada na casa dele.

Para ele, essa opção tampouco é a mais sensata, pois significa colocar sua vida em risco. Os nazistas em Viena ainda se reúnem, e discutem planos para não serem condenados pelos seus crimes. Uma das regras é eliminar as testemunhas, que representam o ponto fraco de seus argumentos de defesa. Ao proteger Lucia, ele também se torna perigoso para os ex-colegas.

Paixão imoral

O Porteiro da Noite tem momentos perturbadores que provocam o julgamento do espectador. Os dois protagonistas não cativam a empatia. Apesar de ter sido a vítima durante a guerra, Lucia no presente decide por si mesma a retomar a relação com seu torturador. Dessa forma, trai não apenas a si mesmo, mas a todas as outras vítimas do nazismo.

O filme, assim, conduz à visão de que essa paixão foi imoral na guerra e o passado, que não perdoa, retorna na loucura autodestrutiva do presente, que pune os amantes por esse erro. O contexto histórico, das atrocidades nazistas contra os judeus, não permite uma interpretação contemporizadora. Dessas sementes podres, não há como brotar amor.

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Ficha técnica:

O Porteiro da Noite | Il portiere di notte | 1974 | 118 min | Itália, França | Direção: Liliana Cavani | Roteiro: Liliana Cavani, Italo Moscati | Elenco: Dirk Bogarde, Charlotte Rampling, Philippe Leroy, Gabriele Ferzetti, Giuseppe Addobbati, Isa Miranda.

Dirk Bogarde e Charlotte Rampling em cena de "O Porteiro da Noite"
Dirk Bogarde e Charlotte Rampling em cena de "O Porteiro da Noite"
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