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Poster do filme "O Rito da Dança"
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O Rito da Dança | Por Sérgio Alpendre

Avaliação:
4/10

4/10

Crítica | Ficha técnica

Já se podia imaginar que, tendo filmado com Scorsese, Lily Gladstone elevaria seu status no cinema. O que não se imaginava, quando O Rito da Dança, de Erica Tremblay, estreou no Festival de Sundance, em janeiro de 2023, é que a atriz se tornaria muito celebrada a partir de maio do mesmo ano, quando Assassinos da Lua das Flores foi exibido no Festival de Cannes.

Logo no início de O Rito da Dança, notamos que a câmera “ilumina, liga e filma”, que felizmente não é mais o padrão do cinema mainstream contemporâneo, ainda dá as caras no cinema independente americano. O foco curto e a câmera em constante balanço, como se estivesse em um barco, enfraquecem a forma do filme e torna mais difícil o objetivo de se fazer grande cinema.

Já temos alguns anos de um direcionamento maior ao tema do que ao trabalho cinematográfico. Embora esse entendimento me pareça menor hoje que há, digamos, sete ou oito anos, ele ainda persiste nas mentes de diretores e produtores com maior ou menor conhecimento da história do cinema. Uma vez na moda, o desleixo cinematográfico se torna mais difícil de ser vencido.

Lugares comuns

No segundo longa de Tremblay (primeiro de ficção), que pode ser considerado uma espécie de lado B do longa de Scorsese, Gladstone é Jax, nativa-americana que procura por sua irmã desaparecida, Tawi. Ela vive com a sobrinha Roki (Isabel Deroy-Olson), e se revolta porque a polícia não faz muitos esforços para encontrar a irmã. Para piorar, a assistência social tira a sobrinha de sua guarda, mandando-a para os avós brancos. Menos mal que esses avós parecem compreensíveis e tratam bem a menina.

No desespero, Jax acaba tomando atitudes equivocadas como servir de intermediária para um traficante. Mais tarde, ela sequestra a sobrinha. Os avós, querendo fazer tudo de acordo com a lei, acabam fazendo de Jax uma sequestradora procurada pela polícia. Teimosias de parte a parte levarão a situação a níveis perigosos, seguindo a cartilha do drama americano.

Por trás dessa trama cheia de lugares comuns, são raros os momentos interessantes, geralmente quando a câmera deixa de balançar (o que é menos ruim que chacoalhar, como em alguns filmes sofríveis), ou quando a trilha sonora insistente e genérica nos dá uma folga.

Gladstone já mostrava que era boa atriz e a menina Deroy-Olson também mostra algum talento. Pena que são mal dirigidas, como na cena em que Jax volta para o carro e encontra a sobrinha com as mesmas caras e bocas do plano anterior, de outro ângulo.

O filme nunca ultrapassa sua condição de genérico, caindo, por vezes, num certo amadorismo (o pior possível, o que digere mal algum manual de direção) disfarçado de cinema independente. E o final, com aquela câmera lenta, francamente…

Texto escrito pelo crítico e professor de cinema Sérgio Alpendre, especialmente para o Leitura Fílmica.

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Ficha técnica:

O Rito da Dança | Fancy Dance | 2023 | 90 min | EUA | Direção: Erica Tremblay | Roteiro: Erica Tremblay, Miciana Alise | Elenco: Lily Gladstone, Isabel Deroy-Olson, Ryan Begay, Crystle Lightning, Audrey Wasilewski, Shea Whigham.

Onde assistir:
Isabel Deroy-Olson e Lily Gladstone em “O Rito da Dança”
Isabel Deroy-Olson e Lily Gladstone em “O Rito da Dança”
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