O Santo de Todos (filme)
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O Santo de Todos

Avaliação:
5/10

5/10

Crítica | Ficha técnica

O Santo de Todos (Claret), que leva o subtítulo “A Vida e Missão de Santo Antônio Maria Claret”, retrata a vida desse arcebispo espanhol que fundou a Congregação dos Missionários Claretianos. A cinebiografia possui um diferencial, pois Claret foi uma vítima de fake news, muito antes desse termo ser inventado. Isso porque, em meados de 1870, seus opositores lançaram livros com sua biografia deturpada. A intenção era destruir sua imagem, pois Claret publicava vasto material de evangelização com abrangente influência. Aliás, esse esforço teve reconhecimento, pois recebeu a beatificação pelo Papa Pio XI em 1934 e a canonização por Pio XII em 1950.

Mas, esse reconhecimento tardio só veio porque essas biografias falsas receberam a devida contestação. Daí parte a narrativa do filme O Santo de Todos, que conta a história através da perspectiva do escritor e intelectual Azorín que, em 1930, descobriu essas mentiras. Assim, o enredo aborda rapidamente a infância e a juventude de Claret, e se concentra mesmo no período em que, como arcebispo, combateu a escravidão em Cuba (na época colônia espanhola) e na época em que foi conselheiro da Rainha Isabel II.

Essa temporada em Cuba recebe o adequado tratamento no filme. É fácil compreender que o arcebispo tenha sofrido clara oposição dos poderosos da ilha. Afinal, suas ideias humanistas, entre elas a ojeriza ao tráfico de escravos, representava sério risco de provocar prejuízos econômicos aos que lucravam com isso. Como resultado, seus superiores da Igreja o mandaram de volta para a Espanha.

A vida na Espanha

No entanto, o enredo não consegue se aprofundar nos detalhes da atuação de Claret como conselheiro e confidente da Rainha. Por isso, vemos ele se movimentar de um local a outro, mas não entendemos como ele ajudava a imperadora nem como ele podia ser um obstáculo para os revolucionários que queriam a República. Da mesma forma, a oposição à sua iniciativa de criar uma instituição para seminaristas e estudantes dentro da Igreja se resume a uma banal disputa de status com outro clérigo importante.

O filme ainda tenta sensibilizar o espectador em relação aos dramas do escritor Azorín, que se vê obrigado a fugir da Espanha por causa da ditadura de Franco. Mas isso nunca emplaca. Afinal, a trama pouco trata da sua vida pessoal, que inclui também sua esposa, que, por algum motivo que o roteiro não explica, desaprova essa pesquisa sobre Claret. O uso de clichês, como o vômito da esposa durante a fuga por estar nervosa, são recursos rasos que o diretor Pablo Moreno recorre para suprir essas lacunas.

Enfim, Pablo Moreno faz em O Santo de Todos aquilo que ele tem capacidade de fazer. Antes desse filme, ele já tocou em tema semelhante em Un Dios Prohibido (2013), sobre o martírio de 51 membros da comunidade claretiana de Barbastro. Além disso, está acostumado a dirigir biografias. Nesse gênero, fez antes Pablo de Tarso: El Último Viaje (2010), Poveda (2016) e Luz de Soledad (2016). De fato, sem acrescentar muito, Moreno realiza aqui mais uma cinebiografia superficial, destinada a um público que já conhece a história do biografado. Em outras palavras, para chover no molhado.  

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Ficha técnica:

O Santo de Todos | Claret | 2020 | 115 min | Espanha | Direção e roteiro: Pablo Moreno | Elenco: Antonio Reyes, Carlos Cañas, Alba Redondo, Marta Romero, Assumpta Serna, Scott Cleverdon, Juan Alberto López, Juan Lombardero, Xiqui Rodríguez, Raúl Escudero, Carlos Pinedo.

Distribuição: Kolbe Arte Produções.

Onde assistir:
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