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O Valor do Perdão (filme)
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O Valor do Perdão

Avaliação:
6/10

6/10

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Crítica | Ficha técnica

O Valor do Perdão resgata o inestimável trabalho do arcebispo sul-africano Desmond Tutu, premiado com o Nobel da Paz. Após o fim do apartheid, ele comandou o Comitê da Verdade e Reconciliação. O filme conta um caso baseado em eventos reais. Porém, tendo como um dos protagonistas o fictício Piet Blomfeld, um racista assassino de negros que apela pela anistia ao comité do arcebispo.

Desmond Tutu se encontra várias vezes com Piet Blomfeld na prisão onde ele cumpre sentença. Nessas ocasiões, o assassino condenado continuar a praguejar contra os negros na frente do arcebispo. Porém, este gradativamente acessará o que restou de bom dentro desse “anticristo”.

A direção

O diretor Roland Joffé começou sua carreira no cinema com Gritos do Silêncio (The Killing Fields, 1984). Era um filme denúncia sobre o Khmer Vermelho no Camboja, que ganhou três Oscars (ator coadjuvante, fotografia e edição). Além disso, ainda foi indicado a outros quatro prêmios da Academia, inclusive nas categorias de melhor filme e melhor diretor. Em seguida, Joffé realizou A Missão (The Mission, 1986), sobre jesuítas que tentaram proteger uma tribo indígena de serem escravizados pelos portugueses. Novamente, a Academia apreciou o trabalho de direção, e de mais seis categorias, premiando a fotografia deste longa.

Agora, Joffé recorre a um tema similar a esses seus dois melhores filmes. Porém, não atinge a mesma qualidade. Em parte, porque não conta mais com o diretor de fotografia Chris Menges, premiado pela Academia nessas duas produções de estreia de Joffé. William Wages assume essa função em O Valor do Perdão. Embora seja experiente, é um profissional da televisão, e realiza apenas um trabalho correto.

O roteiro

Pelo menos, Roland Joffé não deixa transparecer que o filme deriva de uma peça de teatro. A obra, “The Archbishop and The Antichrist”, foi adaptada pelo próprio dramaturgo Michael Ashton, junto com o diretor. Apesar de os momentos cruciais serem os enfrentamentos entre Tutu e Blomfeld, a trama passeia também pelos atos de violência que ocorrem dentro do presídio. Com isso, garante cenas de ação que fogem do teatral. De fato, o último encontro entre os dois acontece na metade do filme. É quando o arcebispo planta a semente que desperta a consciência do assassino, e a origem do seu racismo. A partir de então, os dois seguem em paralelo até se falarem por telefone. Por fim, o julgamento que desvendará um crime hediondo cometido por policiais é resolvido graças à confissão de Blomfeld.

O filme ainda conta a trama paralela do jovem detento Benjamin, judiado e estuprado por uma facção violenta dentro do presídio. O enredo se deita bastante sobre essa subtrama, pois o rapaz se torna o elemento prático da redenção de Blomfeld. Ao proteger o rapaz, Blomfeld volta a se conectar com sua infância, quando adorava brincar com as crianças negras vizinhas. Contudo, o racismo de seu pai brutalmente mudou seu pensamento.

Elenco

Forest Whitaker interpreta Desmond Tutu com um nariz postiço para se assemelhar fisicamente à figura do arcebispo. O truque mais incomoda do que agrega valor à sua interpretação, e, talvez, tenha contribuído para que sua atuação não seja tão boa. Vencedor do Oscar por O Último Rei da Escócia (The Last King of Scotland, 2006), desta vez Whitaker não entra em seu personagem.

Por outro lado, Eric Bana se sobressai, com uma inesperada interpretação caracterizada de um protagonista fictício. Com um sotaque acentuado e uma agressividade destemperada, o ator faz de Piet Blomfeld uma bomba relógio. E, sua confissão vem também de forma ríspida, sem dramalhão, como convém ao personagem.

Impressão final

Em suma, O Valor do Perdão é um filme consistente, porém, não consegue emocionar como deveria. Acima de tudo, porque Roland Joffé não acerta o tom, alternando entre a denúncia, o apelo religioso ou o fator psicológico. Assim ao tentar trabalhar os três simultaneamente, não consegue transpor para as telas a grandeza do Desmond Tutu real.


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