Os Bad Boys II é a sequência do filme de 1995, dirigido pelo mesmo Michael Bay. A dupla de detetives da divisão de narcóticos de Miami, Mike Lowrey (Will Smith) e Marcus (Martin Lawrence), agora enfrenta um chefão das drogas cubano, que acaba de descarregar uma carga enorme de ecstasy na cidade americana.
A relação pessoal entre Mike e Marcus continua sendo de amor e ódio, e o contraste entre os dois novamente é a fonte da maior parte do humor do filme. Desta vez, um novo elemento adiciona faíscas nesse relacionamento. Surge Syd (Gabrielle Union), a bonita irmã mais nova de Marcus que já havia ficado com Mike em uma recente viagem a Nova York. Syd chega a Miami como uma policial em disfarce para incriminar o chefão cubano. Porém, se meterá em graves apuros e precisará da ajuda de Marcus e de Mike.
Validade vencida
Depois de assistir Os Bad Boys e Os Bad Boys II fica claro que o diretor Michael Bay realiza filmes perecíveis, com data de vencimento determinada. Afinal, Bay apropria os recursos mais em uso na época da produção com a intenção de agradar ao público. Costuma dar certo, e esses dois filmes foram um enorme sucesso, bem como outros de sua carreira, como Armageddon, Pearl Harbour e vários Transformers. Porém, assista hoje a qualquer desses títulos mais antigos e você notará como eles estão ultrapassados. Mas, se pegar um filme recente de Michael Bay, como Esquadrão 6, sentirá que ele parece bem moderno.
É por isso que Os Bad Boys II, aos olhos do espectador atual, soa datado demais. O filme exagera nos efeitos especiais nas cenas de ação. Chega a ser engraçado vermos pessoas voando na tela com as numerosas explosões, lembrando os seriados de televisão da época, como Esquadrão Classe A. Essa abordagem ingênua contrasta com a violência gratuita presente no filme. Há corpos esquartejados, dedo decepado, e uma nauseante sequência onde a dupla descobre drogas e dinheiro escondidos nos defuntos em um necrotério. Michael Bay força a barra, sempre na intenção de conquistar o espectador. Por exemplo, coloca na tela uma perseguição em alta velocidade que resulta em 22 carros e 1 barco destruídos.
Ação melhor que a comédia
Por outro lado, muito do humor em Os Bad Boys II já perdeu a graça. Mike e Marcus discutem o tempo todo, e o baixinho sempre acaba sendo o alvo das piadas. Porém, em alguns trechos, a dupla está em sintonia. Por exemplo, quando tentam intimidar o namoradinho da filha adolescente de Marcus, numa longa cena sem graça nenhuma.
De fato, Os Bad Boys II funciona melhor como filme de ação do que como comédia. A trama é bem previsível, e desde que a irmã de Marcus surge na estória já intuímos que ela será sequestrada. No entanto, Michael Bay filma o resgate eficazmente. O plano é simples, e não precisa mesmo ser complicado. O espectador testemunha a apresentação do que deve ser feito pelos membros do esquadrão. Então, quando começa o resgate, é fácil torcer para que tudo funcione como definido anteriormente.
Porém, a dica é assistir o novo Bad Boys Para Sempre, cujo título surge em Os Bad Boys II, em uma dedicatória no livro do ano de formatura de Mike e Marcus. A direção dessa sequência que estreia nos cinemas em 30 de janeiro de 2020 não é mais de Michael Bay, mas, mesmo que fosse, com certeza soará mais atual que os dois primeiros filmes dessa (até aqui) trilogia.
Ficha técnica:
Os Bad Boys II (Bad Boys II, 2003) EUA. 147 min. Dir: Michael Bay. Rot: Ron Shelton, Jerry Stahl. Elenco: Will Smith, Martin Lawrence, Jordi Mollà, Gabrielle Union, Peter Stormare, Theresa Randle, Joe Pantoliano, Michael Shannon, Henry Rollins.
