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Os Músicos de Gion (filme)
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Os Músicos de Gion

Avaliação:
8/10

8/10

Crítica | Ficha técnica

Os Músicos de Gion retrata a vida das gueixas nos anos 1950, quando os valores tradicionais do país sofrem forte influência ocidental com o fim da Segunda Guerra Mundial e o consequente intervencionismo americano.

O enredo

Gion é o bairro das gueixas em Kyoto. Lá, a jovem Eiko, de 16 anos, procura a experiente Miyoharu para solicitar um treinamento para ingressar na profissão. Ela sai de casa, porque, depois da morte da mãe, ela sofria assédio sexual do tio com quem passou a morar. Miyoharu aceita, e o filme mostra uma colagem do extenso treinamento que a jovem recebe. Dessa forma, ela aprende música, comportamento, enfim, a arte do entretenimento, que representa a função principal de uma gueixa.

Essa, pelo menos, sempre foi a função das gueixas, mas no pós-guerra a tradição começa a perder para uma realidade mais materialista. Para Miyoharu, e sua aprendiz Eiko, a gueixa só se deita com quem quer, e com o patrono, que é o seu amante oficial que lhe provém a maior parte do seu sustento. Porém, um rico empresário quer que Miyoharu seduza um potencial cliente, para que se torne a amante dele e isso facilite futuros negócios.

O empresário, além disso, ignora as recusas de Eiko, e tenta estuprá-la. Nesse momento, acontece uma das cenas mais marcantes do cinema japonês, quando Eiko reage e morde a língua do agressor. Não há violência explícita, o ato acontece em elipse. Assim, quando Miyoharu corre para acudí-la, vemos o homem se debatendo no chão e a jovem gueixa com sangue na boca, indícios suficientes para o espectador descobrir o que aconteceu.

Depois disso, as duas não conseguem mais trabalho. A situação só melhorará se Miyoharu se resignar a se deitar com o proposto amante. Os tempos mudaram, e chegou o ocaso dos tempos de glória das gueixas.

A direção

O diretor Mizoguchi capricha nos enquadramentos em Os Músicos de Gion. Faz uso recorrente de recortes com o cenário; portas, janelas, paredes, ruas, etc. criam quadros dentro do quadro principal. Com isso, direciona a atenção do espectador para um determinado ponto da tela, principalmente ao enjaular algum personagem dentro desse recorte.

Além disso, mais uma vez, Mizoguchi retrata a mulher sofredora, que tenta se rebelar da sociedade masculinizada japonesa, mas não consegue. Aliás, o tema da gueixa é recorrente na obra do diretor, cuja irmã mais velha tinha essa profissão e o sustentou quando era jovem. Vem daí a fidelidade evidente nesse grande filme, particularmente indicado para quem deseja conhecer a tradição das gueixas.

Por fim, também conhecido como A Música de Gion, esse filme está no box O Cinema de Mizoguchi Vol. 2, lançado pela Versátil Home Video.


Ficha técnica:

Os Músicos de Gion (Gion Bayashi, 1953) Japão, 85 min. Dir: Kenji Mizoguchi. Rot: Matsutaro Kawaguchi, Yoshikata Yoda. Elenco: Michiyo Kogure, Ayako Wakao, Seizaburo Kawazu, Saburo Date, Kyoko Hisamatsu, Sumao Ishihara, Kanae Kobayashi.

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