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Pacto de Sangue (filme)
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Pacto de Sangue

Avaliação:
8/10

8/10

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Crítica | Ficha técnica

Pacto de Sangue é um dos exemplares mais célebres do film noir.

Três nomes essenciais para o gênero contribuíram para esse reconhecimento. A base da história é o livro de James M. Cain, autor especializado em romances criminais, assim como Raymond Chandler, que escreveu o roteiro junto com Billy Wilder. E este último dirige aqui seu terceiro filme, numa carreira que seria repleta de clássicos eternos.

A direção de Wilder intensifica a emoção contida na história de Pacto de Sangue. A primeira sequência do filme já deixa o público ávido por descobrir o que acontece com o homem que dirige desesperadamente até seu escritório. Inteligentemente, a câmera mostra o personagem somente pelas costas, retardando o momento de revelar o seu rosto. Esse recurso não é gratuito, está relacionado diretamente com um dos momentos chave do filme, e coloca o espectador na posição da única testemunha do crime que está por acontecer.

O enredo

A narrativa começa com o protagonista gravando em áudio a confissão de seu crime. Dessa forma, o flashback entra no filme naturalmente.

O homem dessa sequência inicial é Walter Neff (Fred MacMurray), um vendedor de seguros que recebe uma proposta de Phyllis Dietrichson (Barbara Stanwyck) para contratar um seguro de acidentes em nome do marido, para depois matá-lo e ficar com o dinheiro da indenização. A princípio ele recusa, mas a mulher consegue seduzi-lo e ele se apaixona por ela, daí se tornando presa fácil de sua dissimulação. Assim, Walter consegue que o marido de Phyllis assine a apólice, pensando que está contratando um seguro de carro. A apólice tem uma cláusula de dupla indenização (o “double indemnity” do título original), que paga em dobro se ocorrer a morte em condições pouco prováveis, como num trem.

O plano de Phyllis, então, visa a morte do marido a bordo de um trem. Mas a inteligente estratégia para conseguir esse difícil feito não é revelada ao público, que precisa acompanhar o seu desenrolar para descobrir o que a dupla planejou. Com esse recurso, a sequência do trem se torna eletrizante.

Apesar de ser um plano bem bolado, ele talvez não consiga ludibriar Barton Keyes (Edward G. Robinson), o experiente inspetor de seguros da mesma empresa de Walter. Aos poucos, ele vai se aproximando da verdade. Numa cena de enorme suspense, ele faz uma visita surpresa no apartamento de Walter, justamente quando Phyllis também se dirige para lá. O clímax dessa cena coloca os dois no mesmo corredor, e o público, inevitavelmente, torce para que Keyes não a veja.

Elenco e final

A escolha do elenco é um dos pontos altos de Pacto de Sangue. No papel do protagonista Walter está Fred MacMurray, um ator competente mas sem o brilho de uma estrela de cinema. Essa persona mais apagada se encaixa bem no personagem, que, curiosamente, está um degrau abaixo dos dois coadjuvantes, Phyllis e Keyes.  Barbara Stanwyck aparece com cabelos loiríssimos, propositalmente artificiais, falsa como a sua Phyllis, uma femme fatale tipicamente fria, sedutora e cruel como exige o film noir. Por fim, Edward G. Robinson, como sempre, domina as cenas em que aparece, com uma personalidade forte e dinâmica que deixa Walter acuado.

Pacto de Sangue possui, no entanto, um desfecho que não se encaixa bem no desenrolar da narrativa. No confronto entre Walter e Phyllis, os dois atos violentos soam forçados. Faltou alguma cena anterior que ilustrasse essa crueldade de Phyllis e o ódio de Walter. A impressão é que o destino escolhido para o rapaz que paquera a enteada de Phyllis acaba atrapalhando. Se fosse comprovado o que Keyes desconfiava, ficariam mais justificáveis as atitudes do casal central. Provavelmente, essa era a melhor solução para a época de realização do filme.

Mas isso não diminui os méritos de Pacto de Sangue. Sua trama inteligente e uma direção talentosa de Billy Wilder fazem dele um dos melhores filmes de suspense da história do cinema.

 

Pacto de Sangue (filme)
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