Em Perfeita é a Mãe 2, os diretores (e roteiristas) Jon Lucas e Scott Moore repetem a ousadia represada do primeiro filme. A ideia principal é a mesma: quebrar as expectativas da sociedade em relação à mãe perfeita. Para isso, os ingredientes básicos continuam sendo o sexo, as drogas e bebidas, e os palavrões. Mas, para não contar a mesma história, e não regredir em relação ao avanço que as protagonistas conquistaram no longa anterior, desta vez o conflito do papel materno gira em torno das mães delas, que chegam para visitá-las no Natal.
Falamos em ousadia represada, porque os citados ingredientes básicos não rompem bandeiras como em Se Beber, Não Case! (The Hangover, 2009), cujo roteiro é da mesma dupla, Lucas e Moore, mas a direção é de Todd Phillips. As piadas mais sujas ficam por conta da protagonista Carla (Kathryn Hahn), que adequadamente tem como mãe a viciada e pirada Isis (Susan Sarandon).
Aliás, por falar no filme de Todd Phillips, o começo de Perfeita é a Mãe 2 é praticamente uma cópia dele. Um flash forward mostra uma sala de estar em caos, com a árvore de Natal e todos os enfeites festivos destruídos e caídos no chão, e até um camelo caminhando por ali. Ou seja, muito similar ao quarto de hotel destruído e com um tigre que abre Se Beber, Não Case!. Então, surge Amy (Mila Kunis), a dona da casa, explicando que contará como isso tudo chegou nesse estado.
Mães imperfeitas
Enfim, após modificarem suas vidas em Perfeita é a Mãe (Bad Moms, 2016), agora elas devem resolver as imperfeições de suas mães. Enquanto Carla tem uma mãe que não quer responsabilidades, a de Amy é obcecada pelo primor e pela competitividade. É a deixa para entrar outra atriz de peso no filme: Christine Baranski, de Mamma Mia! (2008) e tantos outros filmes e séries. Por fim, tem também a mãe de Kiki (Kristen Bell), a solitária Sandy (Chery Hines), que quer a filha como a sua melhor amiga.
O humor extrapola para o absurdo, muito mais que o filme anterior. Por exemplo, as três amigas vão ao shopping em época de Natal e tocam o barraco. Enchem a cara, fazem danças sensuais com o Papai Noel e, ainda, roubam uma enorme árvore de Natal de uma loja de tênis. Ou, então, extorquindo os clientes que saem do supermercado, numa ação de caridade forçada.
Mas poucos momentos são realmente engraçados. Um desses é o momento paixonite de Carla com um cliente do spa onde trabalha. O flerte acontece numa situação bem peculiar, durante a depilação ao redor das áreas íntimas de um stripper. E o filme aproveita para agradar o seu público-alvo, que são as mulheres, principalmente as mães que se identificam com as protagonistas, e coloca nesse papel o galã Justin Hartley (o Kevin Pearson da série This Is Us).
Viva Las Vegas!
Contudo, sendo uma produção americana e não tão ousada, como já avisamos, Perfeita é a Mãe 2 dedica a sua parte final à reparação do relacionamento das protagonistas com as suas mães. Embora o filme tente não cair no meloso, é essa a sensação que temos. Pelo menos, a última cena esquenta os ânimos, mostrando que as novas personagens mães também aprendem a curtir melhor a vida – e partem para uma viagem sozinhas para Las Vegas! Porém, não restam dúvidas que o resultado é inferior ao primeiro filme.
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Ficha técnica:
Perfeita é a Mãe 2 | A Bad Moms Christmas | 2017 | 104 min | EUA | Direção e roteiro: Jon Lucas, Scott Moore | Elenco: Mila Kunis, Kristen Bell, Kathryn Hahn, Jay Hernandez, Christine Baranski, Susan Sarandon, Cheryl Hines, Justin Hartley, Peter Gallagher, Oona Laurence, Emjay Anthony, Lyle Brocato, Wanda Sykes, Christina Applegate.
Distribuição: Diamond Filmes.
