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Pérola (filme)
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Pérola

Avaliação:
7/10

7/10

Crítica | Ficha técnica

Baseado na peça de Mauro Basi, que foi sucesso nos palcos nos anos 1980, Pérola é uma homenagem do autor à sua mãe. Esse intuito dialoga com as pretensões do diretor Murilo Benício, pois o conhecido ator estreou na direção dedicando ao pai seu primeiro filme, O Beijo no Asfalto (2018). E, neste seu segundo longa, ele segue o dramaturgo e também homenageia a mãe. Essa questão é essencial para compreendermos o olhar que o filme traz.

A história começa com Mauro (Leonardo Fernandes) na praia do Rio de Janeiro, logo após receber a notícia que sua mãe morreu. Logo em seguida, ele larga tudo e, junto com o seu namorado, inicia uma viagem para Bauru, onde a sua família mora e onde ele foi criado. Então, começam os flashbacks, diferenciados pelas cores mais fortes, que mostram as lembranças que o protagonista guarda em relação à mãe. São vários momentos, quase todos em ordem cronológica, mas com tempos embaralhados na segunda metade do filme. Considerando ainda as intercalações com o presente, o enredo requer um espectador atento.

Sentimentalismo

As memórias chegam à tela com um filtro de sentimentalismo. Mauro se lembra da finada mãe com carinho. Por isso, vê beleza em tudo. Até mesmo o que era ruim agora parece bom. Por exemplo, o abuso dos pais nas bebidas, a falta de apoio expresso da mãe à carreira artística do filho, e a obsessão por futilidades materiais, como morar em uma grande casa com piscina. A relação com a mãe, o filme mostra, teve bons e maus momentos, mas agora, com o luto, o filho enaltece-os todos. Entre os bons trechos que revelam esse sentimento, destacamos aquele no qual Mauro espia os pais namorando e, na imaginação dele, eles falam em francês, tal qual o filme que ele acaba de ver no cinema.

A direção de arte, de Valéria Costa, merece elogios. Afinal, reconstitui convincentemente diferentes épocas, pois o flashback se inicia nos anos 1970 e o presente se passa nos anos 1980.

A nostalgia desse passado evoca o sentimentalismo, às vezes dramático, às vezes cômico. A melhor brincadeira é aquela em relação à avó de Mauro, que está sempre doente mas nunca morre – e nunca a vemos no filme. Em determinado trecho, há um interessante flerte com o fantástico, quando Mauro conversa com o fantasma da mãe.

Fácil de agradar

Mas nem tudo funciona. Murilo Benício ainda apresenta algumas falhas como diretor. Em certas cenas, os planos estão truncados ou mal editados. Por exemplo, quando Mauro precisa dividir o quarto da irmã, a cena traz o pai sorridente à porta, com uma forte cor vermelha saindo do quarto e um vitral atrás da sua cabeça como uma auréola – difícil saber o que esse trecho quis comunicar. Além disso, o enredo é contado a partir do ponto de vista de Mauro. Porém, em alguns trechos, o filme mostra o que acontece na casa da mãe e que o protagonista não presenciou, causando certo estranhamento. Já outro exemplo específico traz a mãe olhando para a praia e comentando sobre a areia que reflete o mar, porém, o plano traz o fundo desfocado. Por fim, o plano com o namorado encontrando Mauro na rodoviária de Bauru não poderia ser mais esquisito.

Enfim, Pérola chega aos cinemas com potencial de boas bilheterias. Embora tenha alguns tropeços, o filme oferece uma nostalgia sentimental que facilmente agrada ao público. Sem contar, ainda, que o papel de Drica Moraes é daqueles para ganhar prêmios. Esbarra na caricatura na cena do trampolim (usada no cartaz), mas se mantém sempre interessante.  

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Ficha técnica:

Pérola | 2022 | 92 min. | Brasil | Direção: Murilo Benício | Roteiro: Adriana Falcão, Marcelo Saback, Jô Abdu | Elenco: Drica Moraes, Leonardo Fernandes, Rodolfo Vaz, Valentina Bandeira, Cláudia Missura, Lavínia Pannunzio, Marianna Armellini, Jefferson Schroeder, Gustavo Duque, Louise Cardoso, Gillray Coutinho, Gustavo Machado.

Distribuição: H2O Filmes.

Trailer aqui.

Onde assistir:
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