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Poster do filme "Poltergeist"
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Poltergeist: O Fenômeno

Avaliação:
10/10

10/10

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Crítica | Ficha técnica

Um dos mais assustadores filmes da década de 1980, Poltergeist: O Fenômeno é muito mais um filme de Steven Spielberg do que de Tobe Hooper. O distanciamento do tempo evidencia o que era uma suspeita na época. Não apenas porque Hooper nunca mais fez um grande filme em sua carreia, mas pelas evidências autorais que Spielberg viria a consolidar em seu cinema.

Spielberg é o produtor (junto com Frank Marshall), criador da estória e co-roteirista no filme. Mas contratou um diretor porque estava prestes a embarcar em E.T.: O Extraterrestre (1982). Esse novo projeto, porém, atrasou, e ele pôde marcar presença em quase todos os dias (exceto em três) das três semanas de filmagem de Poltergeist. Não somente para supervisionar o trabalho, mas assumindo mesmo a frente da direção.

A marca de Spielberg

O toque de Spielberg surge logo na primeira cena, quando a câmera acompanha o cachorro da casa enquanto ele visita cada membro da família que está ainda dormindo no começo da manhã. Essa forma sutil e afetuosa de apresentar os personagens se aproxima muito do que o diretor faria em E.T. e em outros títulos porvir da sua filmografia. E está bem longe da brutalidade de O Massacre da Serra Elétrica (The Texas Chain Saw Massacre, 1974), o longa que jogou os holofotes sobre Hooper. Aliás, os únicos momentos de Poltergeist que caberiam no cinema de Hooper seriam a sequência de gore na alucinação do assistente (o bife andando, os vermes no frango e o rosto se desmantelando) e a piscina cheia de esqueletos. Ainda assim, Hooper certamente elevaria o tom de sanguinolência dessas cenas.

A ênfase na família, marca spielberguiana, surge em outros trechos dispensáveis para a trama, mas que contribuem para o encanto do filme. Entre eles, a resposta gestual da filha adolescente aos homens que trabalham na construção da piscina. Assim como quando um deles folgadamente pega pela janela um doce e um café da família. Essas duas intervenções criam uma sensação estranha de invasão de privacidade similar aos amigos adolescentes que vão jantar na casa da família em E.T. e um deles ameaça encostar o dedo no traseiro da mãe. Faz parte do humor de Spielberg.

E, por isso, apesar de ser um filme de terror, há pitadas de comédia. Como a briga com o vizinho por conta do controle remoto da TV – os amigos do pai que se reúnem ali para assistir futebol representam outra invasão ao lar na visão de Spielberg. Dá para rir também da reação da especialista em paranormalidade que treme de nervoso após testemunhar o que acontece naquela casa.

Um potencial mestre do terror

Em Poltergeist, Spielberg pode dar vazão ao seu talento no gênero terror. É onde sua carreira começou, com o episódio Eyes da série Galeria do Terror (Night Gallery, 1969) e com o longa Encurralado (Duel, 1971). E onde construiu seu primeiro blockbuster, Tubarão (Jaws, 1975). Até em Os Caçadores da Arca Perdida (Raiders of the Lost Ark, 1981), o diretor investe no terror, no final com fantasmas e esqueletos que antecipam o que Poltergeist apresentaria. Posteriormente, o diretor ainda encostaria no gênero, em Jurassic Park (1993 e 1997), Minority Report (2002) e Guerra dos Mundos (2005).

Repetindo Caçadores da Arca Perdida, as aparições fantasmagóricas em Poltergeist trazem os mesmos efeitos visuais de ponta da Industrial Light & Magic de George Lucas, que ainda hoje convencem. No aspecto técnico, Spielberg chama a atenção também no corredor que parece deslizar enquanto a mãe, Diane (JoBeth Williams), tenta desesperadamente atravessá-lo para chegar ao quarto e socorrer seus filhos.

Mas outras ideias brilhantes se devem principalmente ao seu talento como diretor. Entre elas, as luzes piscantes, por conta da televisão fora de sintonia, que obrigam o espectador a manter a atenção na tela. Tem também a voz da menina de cinco anos, Carol Anne (Heather O’Rourke), que pede dramaticamente por ajuda, e que se assemelha muito com a voz da clarividente Tangina (Zelda Rubinstein), causando um impacto aterrorizante quando esta se encontra em cena. Acima de tudo, se sobressai a decisão de manter fora do quadro o terror maior, ou seja, o outro mundo. Alguns elementos influenciam a imaginação (a gosma gelatinosa vermelha, a bruma, os espíritos feitos de luz), mas cabe ao espectador criar em sua mente como seria esse ambiente.

Resiste a uma revisão?

É verdade que alguns trechos perderam seu impacto. Como a citada desfiguração do rosto do assistente, e a famosa cena em que Diane é virada pelas paredes do quarto. Talvez o público de hoje preferisse uma versão mais visceral, uma que, essa sim, seria mais apropriada para o diretor oficial, Tobe Hooper. Mas, foi o toque de Spielberg que fez Poltergeist causar furor na época de seu lançamento, e se tornar um dos maiores clássicos do terror de todos os tempos.

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Ficha técnica:

Poltergeist: O Fenômeno | Poltergeist | 1982 | 114 min | EUA | Direção: Tobe Hooper | Roteiro: Steven Spielberg, Michael Grais, Mark Viktor | Elenco: Craig T. Nelson, JoBeth Williams, Beatrice Straight, Dominique Dunne, Oliver Robins, Heather O’Rourke, Michael McManus, Virginia Kiser, Zelda Rubinstein.

Distribuição: Warner Bros.

Onde assistir:
Família olha assustada na porta do quarto
Cena do filme "Poltergeist"
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