Predadores Assassinos é um despretensioso e divertido filme que coloca pessoas enfrentando animais selvagens. A produção é de Sam Raimi e a direção de Alexandre Aja, que já explorou antes esse filão em Piranha 3D (2010).
A história
Durante um furacão na Flórida, a jovem Haley e seu pai David enfrentam ataques de jacarés no porão de uma casa isolada que está sendo alagada. Conforme o nível da água aumenta, mais fica difícil a luta pela sobrevivência e logo o porão estará completamente inundado. David está gravemente ferido, mas tem a vantagem conhecer bem a casa onde mora. E Haley conta com sua habilidade como nadadora esportiva para superar os jacarés.
O roteiro de Michael Rasmussen e Shawn Rasmussen trabalha bem os elementos da fórmula desse subgênero. Para começar, coloca pessoas comuns enfrentando as forças da natureza, materializadas pelo furacão e pelos jacarés. Aqui, essa premissa se beneficia por trazer uma situação possível. Os jacarés se tornam uma ameaça porque são levados do pântano onde vivem para a cidade pelas águas da tempestade, não é necessário forçar algum fenômeno inexplicável, como em Os Pássaros, de Alfred Hitchcock, ou efeitos de radiação (O Mundo em Perigo, de 1954, entre vários outros).
O elemento da contagem regressiva foi criativamente inserido na trama através da água que gradativamente inunda o porão onde os protagonistas se encontram. Como logo tudo estará encoberto pela água, eles precisam sair e se arriscar mesmo com os jacarés à espreita. Ou seja, há uma luta contra o tempo, como se houvesse uma bomba programada a explodir, gerando uma tensão crescente.
Os personagens
E os personagens principais funcionam bem. O filme faz uma pausa na tensão para contar como Haley e David eram muito próximos na infância e agora enfrentam uma crise de relacionamento, iniciada pela separação dos pais. A retomada desse vínculo afetuoso diante da situação de perigo que enfrentam juntos cria uma empatia forte com o público. Isso fica mais interessante porque eles não têm nenhum poder sobre-humano. Para enfrentar as ameaças, contam com habilidades possíveis, a de nadadora de Haley e o conhecimento do local por parte de David. De quebra, a jovem busca inspiração para vencer os obstáculos nos conselhos que seu pai lhe dava quando ela competia nas provas de natação, aumentando o apelo emocional.
O filme Predadores Assassinos ainda se aproveita da circunstância onde algo terrível acontece no ambiente comum. Os filmes de desastres (por exemplo: Terremoto: A Falha de San Andreas) e de casas invadidas (por exemplo, Você é o Próximo) usam bastante esse apelo, que conecta o público rapidamente porque ele se identifica naquela situação. Aqui, o furacão inunda as ruas da cidade e os jacarés são trazidos pelas águas. A própria casa de David é invadida, e os predadores entram, assim, na cozinha, nos corredores, no banheiro, criando cenas que prendem o espectador, que imagina como isso seria dentro de sua própria casa.
Análise do filme
Mas, apesar desses pontos positivos, não pense que Predadores Assassinos está no nível de um Tubarão. Lembre-se que o diretor é Alexandre Aja e não Steven Spielberg. O filme apresenta um sério problema quanto à arquitetura da casa, principalmente durante as sequências que se passam no porão. O diretor filma de uma maneira que fica difícil o espectador compreender onde os personagens estão em relação aos jacarés e às possíveis rotas de fuga. Nas mãos de um diretor mais talentoso, esse problema se transformaria em uma oportunidade para gerar mais suspense.
Alexandre Aja tenta resolver isso com o som, portanto, ao assistir o filme, assegure-se que o cinema tenha um bom sistema acústico que permita você sentir a profundidade dos ruídos provocados pelos jacarés. É assim que o público e os personagens percebem a distância dos répteis. O som também ajuda a marcar a contagem regressiva, pois ouvimos na parte inicial uma música e narração diegéticas (gerados dentro da própria cena) vindas de um rádio que está no porão. Quando as águas sobem, elas cobrem o rádio e o silêncio domina o ambiente.
Crawl
Vale ainda destacar a esperta escolha do título original, pois “crawl” significa rastejar e também um estilo de nado, justamente aquele que Haley compete no início do filme. O nome conecta, então, o modo de andar do jacaré em terra e o trunfo da protagonista para vencê-lo na água.
Enfim, experimente! Predadores Assassinos agradará ao público que procura diversão em um movimentado filme de ação com trama convincente.
Ficha técnica:
Predadores Assassinos (Crawl, 2019) EUA/Sérvia/Canadá. 87 min. Dir: Alexandre Aja. Rot: Michael Rasmussen, Shawn Rasmussen. Elenco: Kaya Scodelario, Barry Pepper, Ross Anderson, Savannah Steyn, Annamaria Serda, Colin McFarlane, Cso-Cso, Srna Vasiljevic, Tina Pribicevic, Ami Metcalf, Anson Boon, George Somner, Jose Palma, Morfydd Clark.
Trailer:
Assista: entrevista de Kaya Scoledario e Alexandre Aja sobre Predadores Assassinos
