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Primo Basílio (filme)
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Primo Basílio

Avaliação:
7/10

7/10

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Crítica | Ficha técnica

Apesar de ser uma adaptação do livro de Eça de Queirós, o filme Primo Basílio, dirigido por Daniel Filho, se distancia bastante dessa sua fonte. E acaba se aproximando de uma diferente perspectiva sobre o seu tema, quase se apresentando como um interessante thriller.

A estória não se passa em Lisboa no século 19, como na obra do escritor português, mas em São Paulo, no ano de 1958. Débora Falabella interpreta Luísa, uma recatada dona de casa de classe média, casada há menos de um ano com o promissor engenheiro Jorge, papel de Reynaldo Gianecchini. O primo de Luísa, Basílio (Fábio Assunção), antiga paixão da sua juventude, vive agora em Paris, mas retorna ao Brasil temporariamente. Os dois se encontram quando Jorge viaja a Brasília, para trabalhar na construção da nova capital do Brasil.

Basílio aproveita a ausência do marido para seduzir a prima. Os encontros fortuitos deles, porém, são descobertos pela empregada Juliana (Glória Pires, em interpretação quase caricata), que começa a chantagear Luísa. A natureza frágil da patroa a torna submissa a todas as ordens que recebe. A situação até se inverte: em certo momento, enquanto Juliana assiste à televisão no sofá, a patroa lava as roupas da casa.

Adaptação infiel

Sem se preocupar em adaptar fielmente o livro de Eça de Queirós, Primo Basílio constrói um clima de alta sensualidade nas cenas com Basílio e Luísa. A entrega ardorosa nos encontros às escondidas contrasta com o sexo recatado que ela faz com o marido, por baixo das cobertas, ilustrando o quanto seu desejo estava represado. E isso justifica seu descontrole diante da sedução do mal intencionado primo. Na primeira vez em que os dois transam, há um clima de film noir forte, instigado pela música liderada por um saxofone.

E o diretor Daniel Filho explora o clima sensual e a maldade da empregada para criar um coerente tom de suspense. Por exemplo, com a ajuda da audaciosa amiga Leonor (Simone Spoladore), Luísa invade o quarto da empregada, em sua ausência, para buscar as cartas com as quais ela faz suas chantagens. Então, o retorno antecipado de Juliana torna a cena emocionante. Mas, pena que esse caminho do suspense não foi trilhado até o fim, pois renderia uma versão diferente e instigante desse famoso livro.

Fim literal

Depois, o final trágico acaba retomando o tom da obra literária, concluindo o filme em uma cena fraca no hospital. O filme demonstra boas escolhas vistas durante toda sua exibição, tanto na reconstituição de época como nas interpretações (com um senão para o português rebuscado usado por Fábio Assunção, que destoa do linguajar dos outros personagens). Porém, nessa cena perto do final, há um horrível clichê de câmera lenta na morte de um dos protagonistas.

Por fim, a opção corajosa de Daniel Filho de mudar a chave de uma das maiores obras da literatura em língua portuguesa produziu um filme empolgante, em sensualidade e suspense. Se tivesse seguido nessa linha de forma mais extrema, Primo Basílio seria ainda melhor, mesmo que descontentasse aqueles que preferem uma adaptação fiel.


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