“Procurando Dory”: Inclusão social com muita ação e drama
O personagem principal de “Procurando Nemo” cede sua posição no título e na narrativa nessa continuação do filme de 2003. Desta vez, o protagonismo vai para a antes coadjuvante Dory, a peixinha azul que sofre de “perda de memória recente”, como ela própria afirma. E o tema principal também muda, do amadurecimento de Nemo para a inclusão social de Dory.
A protagonista representa a pessoa com deficiência intelectual, que busca, acima do reencontro com seus pais, sua autoafirmação. Dory precisa disso para provar a si mesma que é capaz, apesar de sua dificuldade em se lembrar das coisas. A animação retrata situações pelas quais já passamos e nos obriga a enxergar com outros olhos a forma como normalmente agimos. Em várias cenas, Dory pede ajuda para os outros seres marinhos que encontra em seu caminho, mas, diante da sua menor capacidade de se recordar das palavras para expressar e comunicar o que deseja, a maioria deles se recusa a prestar-lhe auxílio.
Dory deseja participar das atividades comuns aos seus colegas do oceano, como ser a assistente do instrutor personificado pela raia. O pai de Nemo, Marlin, sempre receoso com a segurança de Dory, é contra essas vontades, mas ela participa assim mesmo. As correntezas representam o maior perigo para a peixinha esquecida, porque a levam para lugares distantes e a fazem se perder.
Ação ininterrupta
Em certa ocasião, Dory, Nemo e Marlin vão parar em uma zona estranha, onde um enorme polvo os persegue. Apesar de conseguiram fugir dessa criatura, Dory é capturada e levada para um centro de pesquisas marinhas na Califórnia. Lá, acredita que seus pais estão perto e segue em busca deles, com a ajuda de um polvo.
A ação não para nunca, levando os pequenos heróis de uma atração a outra dentro do parque aquático. O ritmo frenético é até além da conta, chegando a cansar um pouco o espectador; principalmente nas correrias na parte final, fora do parque, que parecem intermináveis.
“Procurando Dory” também sacrifica o humor, carregando mais no drama. Afinal, Dory está constantemente sentindo saudades, procurando pelos pais que podem nem estar mais vivos. Não é à toa que muitas crianças choram durante as sessões.
Os adultos, também, podem derramar suas lágrimas. Nem tanto pela ausência dos pais, porém pela luta de Dory em ser aceita pelos outros, em provar que tem capacidade, apesar de suas limitações. E o filme mostra isso belamente, contrapondo o pai de Nemo como o ser demasiadamente calculista, receoso de se arriscar. A impulsividade de Dory, totalmente dominada pelo emocional, força-o a agir com mais coragem.
Mensagem
Dessa forma, “Procurando Dory” mostra que todo mundo tem valor e o convívio social traz benefícios para todos. As “Doris” da vida real podem trazer a carga de emocional e sensibilidade que está faltando para os “Marlins”. E o mantra de Dory continua válido para todos: “continue a nadar”.
Por fim, o cuidado com a tradução da animação merece menção. Além da ótima dublagem, inclusive a opção corajosa de usar uma personalidade famosa brasileira, Marília Gabriela, para substituir a participação de Sigourney Weaver no original, o capricho está até na incorporação das palavras traduzidas dentro dos desenhos; como, por exemplo, os nomes das atrações dos parques, que aparecem de forma ilustrada e não em dublagem ou legendas.
Ficha técnica:
Procurando Dory (Finding Dory, 2016) 97 min. Dir: Andrew Stanton, Angus MacLane. Rot: Andrew Stanton e Victoria Strouse, Bob Peterson. Com (vozes originais) Ellen DeGeneres, Albert Brooks, Ed O’Neill, Kaitlin Olson, Hayden Rolence, Ty Burrell, Diane Keaton, Eugene Levy, Sloane Murray, Idris Elba, Dominic West, Bob Peterson, Kate McKinnon, Sigourney Weaver.
Assista ao trailer de “Procurando Dory”