Pesquisar
Close this search box.
Quarto 212 (filme)
[seo_header]
[seo_footer]

Quarto 212

Avaliação:
7/10

7/10

Crítica | Ficha técnica

Quarto 212 (Chambre 212) demanda que aceitemos o convite a reflexões de seu enredo que envereda pelo fantástico. E, que nos aprofundemos, juntamente com os protagonistas, em digressões a respeito de como somos diferentes nas diferentes fases de nossas vidas, especificamente quanto a relacionamentos.

É nesse processo que embarca Maria (Chiara Mastroianni) ao se mudar para o quarto 212 do hotel que fica em frente ao apartamento onde mora com seu marido Richard (Benjamin Biolay). Essa movimentação acontece após Richard descobrir que ela o trai com um de seus alunos da Faculdade de Direito. Além disso, ela ainda confessa ter tido outros casos.

Da janela do quarto do hotel, Maria pode observar o marido desolado. A distância física que os separa é pequena, mas o suficiente para ela refletir sobre o casamento. O diretor e roteirista Christophe Honoré cria um ambiente de fantasia para dar vida a essas análises. Ao invés de recorrer a monólogos ou voice over dos pensamentos, Honoré coloca em cena, para começar, a versão de 25 anos de Richard (agora interpretado por Vincent Lacoste), para dialogar com ela. Dessa forma, ilustra com riqueza como eles se sentiam quando estavam apaixonados e prestes a se casarem.

No campo da imaginação

Da mesma forma, surgem outros personagens em forma concreta, ainda que pertencentes à cabeça de Maria. Uma delas é Irène Haffner (Camille Cottin), que foi o amor da juventude de Richard. Para as duas, uma foi a rival da outra na conquista do coração do amado. Pelo casamento, Maria venceu, mas a questão ainda continua aberta. Teria Richard feito a escolha correta? Mais para frente, o filme resolve essa dúvida, revelando sua proposta temática. O Richard de 40 anos reencontra Irène, mas descobre que ele já não sente o amor idealizado por tantos anos. Reside aí a ideia que Honoré procura expor: a de que não somos os mesmos que éramos no passado.

Logo na primeira parte, descobrimos que Maria não faz sexo com o marido há muitos anos porque não se sente mais atraída pelo homem que ele se tornou, seja por causa de seu físico ou de sua cabeça. O filme não esclarece essa última dúvida, mas o que importa é que com a versão mais jovem ela transa. Talvez essa versão a faça reviver a paixão que sentia por Richard. Essa e outras situações reforçam a premissa da trama, e Honoré mergulha cada vez mais no campo da imaginação. Os outros amantes de Maria também entram em cena, assim como sua mãe e sua avó. Em certo momento, o som do piano que está sendo tocado em cena pelo jovem Richard continua a ser ouvido quando ele se levanta, fazendo o som sair do diegético para o não-diegético. E em dois momentos a câmera passa por cima das paredes dos cômodos do apartamento, assim lembrando esse cenário de fantasia e, ainda, remetendo ao recurso característico do cinema do brasileiro Cláudio Assis.

O cinema para expressar uma ideia

Por capricho, o apartamento do casal central fica em cima de um cinema. Detalhe que não interfere na narrativa, mas que nos deixa em alerta sobre o meio usado para expressar essa ideia central de que nós estamos em constante transformação. Não é um pensamento inédito, tampouco revolucionário, mas por conta dele Honoré nos presenteia com um filme poético.

___________________________________________

Ficha técnica:

Quarto 212 | Chambre 212 | 2019 | França, Bélgica, Luxemburgo | 86 min | Direção e roteiro: Christophe Honoré | Elenco: Chiara Mastroianni, Benjamin Biolay, Vincent Lacoste, Kolia Abiteboul, Camille Cottin, Carole Bouquet.

Distribuição: Imovision.

Onde assistir:
Quarto 212 (filme)
Quarto 212 (filme)
Compartilhe esse texto:

Críticas novas:

Rolar para o topo