Que Mal Eu Fiz a Deus? 2 retoma a história do filme anterior a partir do ponto onde ela terminou. Ou seja, quando as desavenças se assentaram e a família de Claude e Marie encontrou um equilíbrio. Seus genros – um judeu, um árabe, um chinês e um negro – até se tornaram grandes amigos. Porém, o tema da discriminação continua central na trama.
Desta vez, os protagonistas estrangeiros resolvem sair do país, porque sofrem com o tratamento que recebem da população francesa em geral. Com isso, o drama de Claude e Marie agora consiste na possibilidade de suas filhas, com suas famílias, morarem em outros países. Exceto no caso de Charles, que parte para a Índia, os demais têm como destino o país de suas raízes. Então, Claude e Marie bolam um plano para convencer os genros de que viver na França é maravilhoso.
Mais liberdade
Essa nova abordagem parece resultar em mais liberdade para o diretor Philippe de Chauveron. No filme anterior, ele parecia cauteloso demais para não ofender ninguém com o humor proveniente de seus personagens preconceituosos. Desta vez, ele se sente mais à vontade tendo a França, ou os franceses, como vítimas das piadas. Ao final, isso se reverte, claro, com um grande apelo patriótico.
Em Que Mal Eu Fiz a Deus? 2, se consolida a função dramática dos personagens secundários. As filhas, assim como as demais mulheres do filme, representam a voz da sensatez, e tentam evitar que seus cônjuges retomem o preconceito. Já a força cômica vem principalmente do humor pastelão do pai de Charles, do dissimulado padre católico, e do novo personagem Arash, um refugiado afegão. Aliás, a produção merece elogios por conseguir trazer todo o elenco do primeiro filme de volta – e são vários personagens!
Já no longa anterior se sentia a lacuna de levantar um preconceito: a homofobia. Esse aspecto entra no filme de maneira um pouco forçada, envolvendo uma personagem periférica, a irmã de Charles. E seus reflexos são exclusivamente dramáticos, não há nenhuma piada homofóbica, como existem sobre os preconceitos raciais e religiosos. Enfim, é esse o casamento que encerra Que Mal Eu Fiz a Deus? 2 que, apesar dessa forçada para incluir o lesbianismo na história, consegue ser mais solto e engraçado que o primeiro filme.
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Ficha técnica:
Que Mal Eu Fiz a Deus? 2 | Qu’est-ce qu’on a encore fait au bon Dieu? | 2019 | França | 98 min | Direção: Philippe de Chauveron | Roteiro: Philippe de Chauveron, Guy Laurent | Elenco: Christian Clavier, Chantal Lauby, Ary Abittan, Medi Sadoun, Frédéric Chau, Noom Diawara, Frédérique Bel, Julia Piaton, Émilie Caen, Élodie Fontan, Pascal N’Zonzi, Salimata Kamate, Tatiana Rojo, Claudia Tagbo, Hedi Bouchenafa.
Distribuição: A2 Filmes.
O filme estreia nos cinemas em 2 de dezembro de 2021.
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