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Radioactive (filme)
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Radioactive

Avaliação:
7/10

7/10

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Crítica | Ficha técnica

Radioactive vai além da típica cinebiografia que exalta uma personalidade histórica. Com soluções ousadas, a diretora iraniana Marjane Satrapi retrata a cientista Marie Curie como uma mulher atormentada pela sua consciência. Até o fim de sua vida, ela questionou o quanto sua descoberta da radioatividade era maléfica para a humanidade.

Por isso, o filme acerta ao abrir a narrativa com o derradeiro momento de Marie Curie. Deitada na cama que a leva para a emergência do hospital, em 1934, ela revê a sua vida. Então, a história se inicia com a primeira vez que ela e seu futuro marido Pierre se veem, quarenta anos antes, em Paris. Naquele momento, a cientista está sendo despejada do laboratório de universidade. Apesar das motivações oficiais, disfarçadamente o motivo é preconceito de gênero. Logo, Pierre se aproxima com uma proposta de parceria. Também cientista, ele é igualitário em relação a gênero, e ainda sendo um admirador dos conhecimentos de Marie Curie, ele lhe empresta seu laboratório.

Sequências de fantasia

Com o apoio de Pierre, Marie descobre dois novos elementos químicos, o rádio e o polônio. Para ilustrar esse momento histórico, o filme apresenta sua primeira sequência surreal. Nela, os agora casados cientistas fazem sexo e a sombra deles sobe para o céu até a lua, representando a descoberta.    

Depois, logo após a morte de Pierre, Radioactive apresenta mais uma sequência de alucinação de Marie. Repleta de simbolismos, as suas cenas de fantasia indicam a radioatividade como algo muito perigoso e mortal. De fato, o marido já estava bem afetado pelos seus efeitos quando veio a falecer.

Porém, o que mais impressiona são as inserções de sequências que demonstram tragédias que envolvem a radioatividade, em momentos posteriores à existência da protagonista Marie Curie. Nesse sentido, vemos a bomba atômica em Hiroshima (1945), testes nucleares em Nevada (1961) e o acidente nuclear em Chernobyl (1986). Nesses trechos, Radioactive se afasta do ponto de vista da personagem principal e assume uma estranha posição ao lado do espectador. É como se a narrativa saísse do filme para demonstrar o quanto a radioatividade foi uma descoberta ruim para a humanidade.

Com isso, o filme ou coloca o espectador contra a protagonista, ou justifica o autoquestionamento que a atormenta. Ao final, o filme traz cartelas informativas que comprovam os benefícios da radioatividade, como um afago póstumo à consciência de Marie Curie. Mas, a ausência de um esforço de aproximar a protagonista do espectador torna Radioactive menos atraente para quem assiste ao filme. De fato, não há uma busca pela empatia para emocionar o espectador.

Marjane Satrapi e a graphic novel

Para concluir, a cineasta Marjane Satrapi, responsável por Radioactive, se tornou conhecida ao codirigir a animação Persépolis (2007), que foi indicada ao Oscar. Agora, neste seu quarto live action, ela traz um pouco dos traços peculiares daquela animação, principalmente pelos trechos das tragédias radioativas. Traços que se encaixam na origem desses dois filmes. Afinal, Persépolis se baseava na graphic novel da própria diretora, e este longa na HQ ”Radioactive: Marie & Pierre Curie: A Tale of Love and Fallout” de Lauren Redniss.


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