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Ranking dos filmes de Luchino Visconti | Por Sérgio Alpendre

14 filmes que marcaram o cinema para sempre. O “pior” deles, é ainda ótimo. Luchino Visconti realizou pouco, mas fez muito pelo cinema italiano, pelo cinema moderno, pelo cinema barroco, pelo cinema clássico.

Este ranking com seus longas de ficção é uma homenagem a este que foi um dos maiores em suas artes. Como o nível é muito alto, o terceiro e o quarto estão praticamente empatados, assim como do quinto ao nono a diferença quase inexiste.

01. O Leopardo (Il Gattopardo, 1963)

Príncipe Salinas, vivido por um excepcional Burt Lancaster, é a consciência do século 19, que vê seu mundo desmoronar moralmente e o próprio sobrinho se tornar um oportunista agarrado ao poder, seja de que lado estiver. O futuro previsto por ele é o que veremos na aldeia siciliana de A Terra Treme. O Leopardo é a obra-prima entre as obras-primas de Visconti. (leia a crítica)

02. Ludwig (1973)

A decadência do “rei louco” da Baviera é tão surpreendente e dolorida de se ver quanto a de Aschenbach em Morte em Veneza. E Romy Schneider percebe essa decadência em sua nova encarnação da imperatriz Elizabeth da Áustria, conhecida como Sissi – ela só aceitou voltar ao papel porque o retrato era mais cínico, distante da mocinha romântica dos filmes de Ernst Marischka.

03. Morte em Veneza (Death in Venice, 1971)

O navio chegando no Lido ao som do “Adagietto” da 5ª Sinfonia de Mahler, trazendo um homem debilitado, com ar envelhecido, para seu leito de morte (a praia de Veneza), é uma imagem que não se esquece. É a segunda parte da trilogia alemã e um dos filmes mais melancólicos já filmados. (leia a crítica)

04. Rocco e Seus Irmãos (Rocco i Suo Fratelli, 1960)

Quatro irmãos saem do sul da Itália para encontrar um quinto, o mais velho, em Milão, levando com eles a matriarca. A família desmorona, mas Alain Delon tem uma grande interpretação, vencida apenas pela extraordinária Annie Girardot.

05. Os Deuses Malditos (La Caduta Degli Dei, 1969)

Cruel, no limite do abjeto, com incesto e pedofilia. Brilhantemente dirigido este retrato de uma família durante a ascensão do nazismo. Dá para entender que era o filme preferido de Fassbinder.

06. Sedução da Carne (Senso, 1954)

Neste filme baseado em novela de Camillo Boito publicada em 1883, nasce, no cinema, o Visconti operístico que já existia no teatro e se tornaria tão amado por cinéfilos. Por vezes, a faceta operística eclipsava a realista, sempre existente na procura por detalhes que fortaleçam uma relação com a realidade (suores e terras nos rostos, figurinos, preferência por locações), mesmo nos filmes mais barrocos.

07. Violência e Paixão (Gruppo di Famiglia in un Interno, 1974)

Burt Lancaster volta a trabalhar com o diretor responsável por sua melhor interpretação no cinema (e prova de que a dublagem, desde que bem realizada, pode tudo, menos atrapalhar a arte de uma grande atuação).

08. A Terra Treme (La Terra Trema, 1948)

Muito antes de adaptar Tomasi di Lampedusa (o livro “O Leopardo” foi concluído em 1956), Visconti já mostrava, em seu segundo longa, que as coisas mudavam para ficarem as mesmas. (leia a crítica)

09. O Inocente (L’Innocente, 1976)

Visconti filmou tudo em cadeira de rodas, terrivelmente debilitado e consumido, e não viu sua obra derradeira terminada. O que não enfraquece em nada sua imponente beleza, auxiliada, mais uma vez, pela deslumbrante fotografia de Pasqualino De Santis.

10. Vagas Estrelas da Ursa (Vaghe Stelle dell’Orsa, 1965)

Neste filme mal compreendido, Visconti tenta novos ares, ainda que Vagas Estrelas da Ursa possa ser visto como um retorno a “Il Lavoro”, o episódio do diretor em Boccaccio 70, em forma de melodrama.

11. O Estrangeiro (Lo Straniero, 1967)

Bela adaptação de Camus com dez minutos finais de antologia. Neste momento, The Cure faz show em São Paulo. Difícil não lembrar de seu primeiro hit (não sei se tocaram ou não).

12. Obsessão (Ossessione, 1943)

Visconti introduz o neorrealismo imitando o cinema americano. Mas reduzir este belo filme chamando-o de neorrealista é pouco. Era já um primeiro filme de invenção de formas.

13. Noites Brancas (Le Notte Biancchi, 1957)

Mastroianni, Schell, Marais, a fotografia do jovem Giuseppe Rotunno: é muita beleza em um filme só. Guido Aristarco estava certo. Mais do que epílogo involutivo de Senso, é um parêntese importante na obra de Visconti.

14. Belíssima (Bellissima, 1951)

Ópera e neorrealismo, com Alessandro Blasetti, maior representante do cinema melodramático italiano dos anos 1930, como o diretor que procura uma menina para sua próxima produção. Faltou apenas o telefone branco nesta homenagem.

Texto escrito pelo crítico e professor de cinema Sérgio Alpendre, especialmente para o Leitura Fílmica.

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