O título Reality engloba tudo o que o filme propõe. Além de ser o primeiro nome da protagonista, Reality Winner, a produção faz questão de se diferenciar por ter seus diálogos inteiramente tirados das gravações em áudio feitas pelo FBI. E, inclusive, intercala trechos delas durante o longa. Fotos de Reality, também entram no filme, a fim de revelar a quão próxima é a personificação construída por Sydney Sweeney, atriz que a interpreta. Em suma, a verdade colocada acima de tudo, como valor universal. Afinal, ao defendê-la, a retratada acabou na prisão.
O filme traz à tela o momento em que o FBI questionou Sydney em sua casa, tal como realmente aconteceu. Especialistas em interrogatórios, dois agentes usam o terrorismo psicológico para desmontar a suspeita acusada de desviar informações confidenciais da NSA (National Security Agency) dos Estados Unidos. Como ela confessará, após árdua inquirição, sua intenção era que a revelação sobre o envolvimento da Rússia nas eleições presidenciais de 2016 chegasse a conhecimento público, pois ela acredita que o povo americano deve conhecer a verdade.
Dos fatos, aos palcos e às telas
Basicamente com apenas três personagens em um só cenário, o filme se baseia numa peça teatral da própria diretora Tina Satter, que estreia no cinema. Para construir a tensão crescente do processo retratado, as interpretações são essenciais. Os agentes do FBI, Garrick (Josh Hamilton) e Taylor (Marchánt Davis), são aqueles do tipo que usa a violência psicológica portando sorrisos no rosto. Dessa forma, gradativamente desmontam Reality Winner. Assim, em contraponto à impassividade controlada dos agentes, a inquirida revela a sua fragilidade e, percebe que o seu ato de rebeldia lhe custará a liberdade. O plano que mostra sua derrocada emocional é enervante – Sydney Sweeney, a nova atriz do momento, arrebata o público, que fica a seu lado contra os aqui vilões do FBI.
No final do processo, ela é levada algemada, descrente de que o país que quis defender (agora e antes como membro da Força Aérea) seja aquele que se diz o mais democrático do planeta. Se fosse, um cidadão não iria para a prisão por tentar divulgar uma informação de interesse público.
Embora seja uma produção pequena, Reality é um filme tenso. E corajoso. Não teme levar a conhecimento geral esse incidente antidemocrático promovido pelo governo. Seu lançamento faz com que, assim, os questionamentos de Winner continuem agora na tela após se iniciarem nos palcos.
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Ficha técnica de “Reality”:
Reality | 2023 | 83 min | EUA | Direção: Tina Satter | Roteiro: Tina Satter, James Paul Dallas | Elenco: Sydney Sweeney, Josh Hamilton, Marchánt Davis, Benny Elledge, John Way.
