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Respect: A História de Aretha Franklin (filme)
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Respect: A História de Aretha Franklin

Avaliação:
5/10

5/10

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Crítica | Ficha técnica

Respect: A História de Aretha Franklin é a cinebiografia da “Rainha do Soul”. O filme cobre desde a sua infância em Detroit, em 1952, até a gravação do álbum ao vivo “Amazing Grace”, lançado em 1972. Quem dirige é Liesl Tommy, estreando em longa, após adquirir experiência na direção de episódios de séries – por exemplo, The Walking Dead e Jessica Jones. A diretora coloca muita música no filme, algumas canções até são reproduzidas na íntegra. Esse recurso, ao invés de atrapalhar, acaba por salvar um retrato que nunca consegue se aprofundar na complexa intimidade de Aretha Franklin.

A parte musical funciona, principalmente, pela acertada escolha de Jennifer Hudson, que iniciou sua carreira artística como cantora, destacando-se no programa “American Idol”. No papel de Aretha, Jennifer Hudson pode interpretar as canções sem dublar, o que proporciona autenticidade e, até deslumbramento durante esses trechos do filme. Aliás, foi assim que Hudson despontou no cinema, arrebatando um Oscar de atriz coadjuvante logo em sua estreia em Dreamgirls: Em Busca de um Sonho (Dreamgirls, 2006).

O filme desaponta, mas não é culpa de Jennifer Hudson. Na verdade, faltou coragem à diretora Liesl Tommy e à roteirista Tracey Scott Wilson, ambas estreantes, em mostrar as experiências dolorosas que acarretaram nos “demônios” (como é dito no filme) de Aretha. Ela foi molestada quando ainda era criança e engravidou aos 12 e aos 14 anos, e seu primeiro marido, Ted White (Marlon Wayans), batia nela. Além disso, seu pai, o reverendo C. L. Franklin (Forest Whitaker), era extremamente rigoroso e queria conduzir a vida da filha, tanto pessoal como profissional. Para completar a desgraça, sua mãe foi assassinada quando Aretha estava com 10 anos.

Dores aliviadas

No entanto, Respect: A História de Aretha Franklin procura inserir o tema da luta contra o preconceito racial na trama. Existiu uma relação do seu pai com Martin Luther King, conta o filme, devido a suas atividades religiosas e pelo ativismo. Mas, não vemos Aretha atuando nesse meio, exceto por uma conversa com um dos líderes, que logo é interrompida pelo pai. Assim, por inexplicavelmente não incluir esse aspecto no filme, parece abrupta a comoção que a morte de King provoca nela. E nem entendemos o motivo de ela ser a convidada para cantar em seu funeral.

Logo, o filme se torna confuso. Ao ver na televisão a notícia da prisão da ativista Angela Davis, Aretha se afunda num descontrole emocional que a leva às bebidas. É nesse ponto, acima de tudo, que sentimos a ausência de um retrato mais forte daqueles fatores que provocaram todas essas dores na cantora.

À parte algumas tolices como expor o porta-retratos com a foto de Aretha com Ted White em cima de um saco de lixos para revelar a separação do casal, há um ou outro trecho em que a diretora Liesl Tommy acerta. Um desses é a cena em que Aretha canta “Think” e o marido violento aparece no fundo da plateia, como se fosse um fantasma. Para criar esse tom, a iluminação diminui, o som fica opaco e a expressão da cantora se torna grave, criando um clima sombrio que deveria marcar outras passagens da trajetória de Aretha. Um outro destaque é o sonho em que a cantora reencontra a mãe, simbolizando a redenção que a salvaria do álcool.

Sem alma

Por outro lado, o filme traz um interessante relato da carreira profissional de Aretha Franklin. Assim, vemos como errou no contrato com a Columbia Records, gravando um jazz limpo e formal junto a uma orquestra. Por ironia, somente ao se juntar a uma banda de brancos nos estúdios Muscle Shoals no Alabama, Aretha encontrou o soul que viria a marcar seus melhores trabalhos. Por fim, isso culminou no gospel que estava em suas raízes, registrado no citado álbum “Amazing Grace”.

No entanto, a vida de Aretha Franklin pedia um clima mais soturno, que se relacionasse às dores internas da artista. E Respect: A História de Aretha Franklin é um retrato demasiadamente respeitoso, sem a alma da Rainha do Soul.


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