A atriz Sophia Loren é dirigida por seu filho Edoardo Ponti em Rosa e Momo, nova adaptação do livro de Romain Gary.
Na verdade, essa história já rendeu o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro para o filme Madame Rosa – A Vida à Sua Frente, em 1977. Provavelmente, isso deve ter atraído a Netflix para esse seu novo filme, que estreou no seu catálogo em 13 de novembro de 2020.
O enredo
Na trama de Rosa e Momo, ambientada na cidade litorânea de Bari, na Itália, Sophia Loren interpreta Madame Rosa. Ela é uma sobrevivente do holocausto e ex-prostituta que hoje ajuda a cuidar das crianças de suas colegas de profissão.
Com relutância, ela aceita um novo acolhido, Momo, um garoto de 12 anos que recentemente a roubou, como favor a um de seus amigos que cuidava dele. A princípio, Momo é agressivo, mas aos poucos aprende a conviver com os outros dois meninos acolhidos na casa, e a respeitar e amar Madame Rosa. Porém, precisa se livrar das más companhias, que o colocaram no tráfico de drogas.
Por outro lado, a velha senhora também enfrenta seus problemas. Ela sofre os traumas do campo de concentração, e problemas na circulação sanguínea no seu cérebro. Em alguns momentos, ela entra em estado catatônico e fica paralisada, olhando para o nada.
A direção
Quanto à direção, Edoardo Ponti realiza um trabalho correto. Sua condução é funcional, mas sem nada de especial. Mesmo assim consegue uma interpretação classuda de Sophia Loren, uma das grandes damas do cinema mundial.
Essencialmente, a linha narrativa principal é do menino Momo, vivido por Ibrahima Gueye. São dele algumas das narrações em primeira pessoa e é ele que passa por uma transformação durante o filme. De fato, Momo protagoniza as cenas de maior apelo dramático, que tentam sensibilizar o público com as lágrimas que correm pelo seu rosto.
Enquanto se concentra no melodrama, Rosa e Momo deixa de lado a questão importante das diferenças raciais e religiosas. Afinal, o menino negro muçulmano é acolhido num ambiente branco e judeu. E ele começa a trabalhar para o amigo de Madame Rosa que é um dono de um pequeno comércio e que é muçulmano como ele.
Além disso, a melhor amiga de Madame Rosa é uma vizinha trans. E esse é outro aspecto que é apenas apresentado no longa, mas que o roteiro não expande.
Enfim, Rosa e Momo acaba como um típico filme Netflix. Ou seja, uma boa produção que trabalha ingredientes que garantem o sucesso (neste caso, o livro que originou um ganhador do Oscar e um nome de peso no elenco), mas com resultado superficial.
Ficha técnica:
Rosa e Momo (La vita davanti a sé) 2020, Itália, 94 min. Dir: Edoardo Ponti. Rot: Ugo Chiti. Elenco: Sophia Loren, Ibrahima Gueye, Renato Carpentieri, Francesco Cassano, Babak Karimi, Iosif Diego Pirvu, Massimiliano Rossi, Abril Zamora. Netflix.