O filme polonês Rotten Ears retrata uma terapia para casais alternativa. Na verdade, as propostas são tão radicais que é impossível distinguir o real da encenação.
Terapia
O casal Marzena e Janek chega a uma isolada casa de campo. Lá, se submeterão a uma terapia conduzida pelo doutor Henryk durante o fim de semana. Essencialmente, o objetivo dos dois é recuperar a paixão que existia entre eles e melhorar o relacionamento. Para apoiar o tratamento, chega um outro casal, Salome e Filip, que participará nas encenações planejadas pelo terapeuta. Mas os métodos se mostram cada vez mais ousados e beiram a violência. A partir de certo momento, Marzena e Janek começam a duvidar da própria sanidade.
Logo, Marzena se mostra mais aberta à terapia que Janek. Mas os dois pontos de vistas são mostrados, alternadamente. Em alguns procedimentos, Henryk trabalha apenas um de cada vez. Apesar disso, a câmera acompanha ambos, tanto aquele que está participando como o outro. À noite, quando o role play se torna uma incógnita, o foco se concentra exclusivamente em Marzena. Dessa forma, isso leva o público a crer que ela enlouqueceu. Porém, somente na conclusão o mistério é esclarecido.
Piotr Dylewski
Rotten Ears marca a estreia de Piotr Dylewski na direção de um longa-metragem. E sua produção reúne as características de um típico filme independente: uma única locação, elenco reduzido, ausência de efeitos especiais ou visuais. Como resultado. temos uma obra intimista, com fortes raízes na psicologia, que é a área de formação superior do diretor.
Então, sem estilismos inúteis, Piotr Dylewski movimenta a câmera conforme pede a narrativa. Com isso, acelera o ritmo de Rotten Ears. Assim, sua duração de pouco mais de uma hora transcorre rapidamente sem nunca ficar monótono, mesmo tendo um tema pesado.
Ficha técnica:
Rotten Ears (Zgnile uszy, 2019) Polônia. 61 min. Dir: Piotr Dylewski. Rot: Magdalena Celmer, Piotr Dylewski. Elenco: Magdalena Celmer, Mikolaj Chroboczek, Michal Majnicz, Piotr Choma, Paulina Komenda.