Depois de 17 anos após ter terminado, um dos programas humorísticos de maior sucesso na televisão brasileira agora ganha sua versão para o cinema. Sai de Baixo – O Filme conta com praticamente todo o elenco original, com exceção da falecida Márcia Cabrita e de Cláudia Jimenez. O roteiro foi escrito pelo também ator Miguel Falabella e a direção ficou por conta da experiente Cris D’Amato.
Na última terça-feira, Miguel Falabella, Marisa Orth, Luiz Gustavo, Tom Cavalcante, Lucio Mauro Filho e Cris D’Amato se reuniram para uma coletiva de imprensa no Shopping Cidade em São Paulo.
A turma, que já se conhece há tanto tempo, transformou a entrevista em um bate-papo entre amigos, com a exposição de vários casos engraçados que aconteceram na filmagem do longa metragem e da época do programa da TV Globo.
Segundo Cris D’Amato, o produto resistiu ao desafio de sair do teatro para a televisão e agora para o cinema. Com o cuidado de não criar nada de mirabolante, a diretora afirma que o filme se beneficia do formato de road movie criado no roteiro, porque isso proporciona um frescor ao suplantar o cenário restrito do apartamento, onde se concentravam os episódios do programa na TV, que eram filmados sempre ao vivo. A atriz Marisa Orth acrescenta que sair do apartamento permitiu que surgissem novas piadas, já que não havia muito para onde levar as situações se filmadas dentro do estúdio.
Riscos da versão cinematográfica
Uma grande questão do formato para o cinema era o risco de restringir o improviso, que sempre foi um dos elementos chaves do sucesso do programa que era gravado ao vivo com público. O ator Luiz Gustavo brinca que os textos do programa eram tão ruins que eles eram obrigados a improvisar. Sobre isso, o roteirista e ator Miguel Falabella confirma com humor que, realmente, o script era descartado e as piadas surgiam espontaneamente, e isso foi mantido no filme, onde as sequências improvisadas representam os melhores momentos. O longa preserva até mesmo o recurso de falar diretamente para a plateia.
O momento atual é bem diferente da época do programa. Hoje, se prioriza a consciência sobre o politicamente correto e algumas piadas de Sai de Baixo do passado poderiam ser condenadas sob esse prisma. O ator Tom Cavalcante se posiciona a respeito disso e revela que o filme descontrói esse paradigma, porque o humor nele é leve e não ofende ninguém. Sobre as brincadeiras sobre a condição social, ele diz que “todos eles (os atores do filme) saíram de bairro pobre, o humor ajuda a ganhar consciência, a despertar a reflexão.” Para Tom, o personagem Caco (interpretado por Falabella), um rico com preconceito com pobres, não é exaltado, mas sim criticado. Marisa Orth, na mesma linha, declara que sua Magda também é uma crítica ao estereótipo da mulher burra e gostosa que não faz nada. Porém, ressalta que Sai de Baixo “não é um filme de denúncia, é uma comédia, feita para divertir”.
Miguel Falabella adianta que todo o clima de alto astral dos bastidores passará para os espectadores que forem aos cinemas assistir Sai de Baixo – O Filme, que estreia dia 21 de fevereiro de 2019. Leia a crítica do filme aqui.
Por Eduardo Kaneco com a colaboração de Lucas Fernandes. Foto: Lucas Fernandes.
