Pesquisar
Close this search box.
Poster do filme "Say God Bye"
[seo_header]
[seo_footer]

Say God Bye

Avaliação:
6/10

6/10

Crítica | Ficha técnica

Say God Bye documenta a peregrinação do diretor Thomas Imbach de Zurique a Rolle, onde pretende bater à porta da casa de seu maior ídolo vivo, Jean-Luc Godard.

Quem o acompanha nessa longa jornada a pé é seu editor David Charap, que o ajuda com a câmera. A narração, cadenciada e com sotaque do cineasta suíço, lembra a de Werner Herzog, que emprestou sua marcante voz a várias produções. Esse tom prepara o espectador para observações brilhantes, mas estas são poucas. Thomas Imbach facilmente cai em digressões. Fala de seus pais, de seus avós, dos trotskistas no País Basco. E perde muito tempo mostrando os exercícios de alongamento que ele e seu companheiro fazem para combater a fadiga. Os registros de encontros com pessoas anônimas no caminho também agregam pouco – e estendem desnecessariamente a duração do longa para mais de duas horas.

Encontro com deus

O filme toma um rumo interessante quando enxerta trechos de Godard em associação livre com os lugares pelos quais os dois viajantes passam nessa jornada. O cineasta francês aparece através de trechos de seus filmes, em entrevistas diversas, ou em cartelas com suas frases de impacto. Godard, este sim, traz o brilhantismo que falta em Imbach. O que ele diz faz o público pensar sobre o amor ao cinema, tema principal deste projeto. Esses trechos são o que o documentário tem de melhor.

Say God Bye também se presta a provar que Thomas Imbach compartilha o mesmo amor à sétima arte. Por isso, ousa inserir também trechos de seus próprios filmes. Mas, somente na segunda metade, o que indica a ideia que ele aprendeu com o mestre Godard – ele cita também Fassbinder e Pasolini como seus maiores ídolos. Diante da veneração prestada por Imbach, fica a impressão de que ele nunca quer comparar seus trabalhos com o do mestre, apesar de as obras compartilharem o mesmo papel neste seu documentário.

O experimentalismo também ganha espaço em Say God Bye. O material colhido durante a viagem se transforma com montagens criativas, efeitos de aceleração e colagens que revelam um talento que o diretor pode explorar com mais frequência. Sem dúvida, provocam sensações – e pensamentos – superiores que os recorrentes trechos com exercícios físicos e registros aleatórios (como as dispensáveis conversas com um homem que usa um drone e outro com uma DJI Osmo Pocket).

Ah, tem o final. O desfecho da jornada coloca a devida medida de distância entre os dois cineastas. O aprendiz sabe que uma peregrinação não é suficiente para se aproximar do seu mestre – ou do seu deus, já que a primeira parada é num convento. Talvez nem uma vida inteira.

___________________________________________

Ficha técnica:

Say God Bye | 2023 | 124 min | Suíça | Direção: Thomas Imbach | Com Thomas Imbach, David Charap, Jean-Luc Godard.

O filme Say God Bye está na programação do 29º É Tudo Verdade (edição de 2024).

Onde assistir:
Dois homens alongam suas pernas na rua.
Cena do filme "Say God Bye"
Compartilhe esse texto:

Críticas novas:

Rolar para o topo