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Sedução e Vingança (filme)
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Sedução e Vingança

Avaliação:
6/10

6/10

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Crítica | Ficha técnica

Com Sedução e Vingança, Abel Ferrara firma seus passos como realizador de filmes policiais independentes marcados pela violência crua num ambiente urbano.

Desejo de Matar feminino

A grosso modo, Sedução e Vingança parece um Desejo de Matar (1974) com protagonismo feminino. Thana é uma jovem muda que mora sozinha em Nova York, levando a vida com um emprego simples numa confecção de roupas. Certo dia, após sair do trabalho, ela é estuprada num beco e, quando chega em casa, um ladrão que invadira sua casa a violenta novamente. Mas, nesse segundo ataque, ela consegue revidar e matar o bandido. Então, friamente, ela o corta em pedaços, guarda na geladeira e começa a se livrar do cadáver. E, aos poucos, espalha os membros por diferentes cantos da cidade.

Como consequência, o trauma dos ataques provoca em Thana, além dessa frieza, uma misandria extrema. Então, com o revólver Colt 45 que ela toma do assaltante que invade sua casa, ela começa sair pelas ruas, às escondidas, para matar homens. Nesse sentido, começa com os mulherengos, bandidos, membros de gangues, e vai expandindo para qualquer pessoa do sexo masculino.

Análise do filme

Essencialmente, o tom do filme se alinha a esse comportamento da protagonista. De fato, a violência sem piedade aparece na tela a cada assassinato em série praticado por Thana. Nesse sentido, os momentos mais explícitos são aqueles que envolvem o esforço dela em se livrar do cadáver do bandido, e se aproximam do gore.

Sob outro aspecto, a trilha sonora eletrônica remete ao clima de suspense de Halloween: A Noite do Terror (1978), de John Carpenter, que também apresenta os crimes brutais de um serial killer. Além disso, a presença irritante da vizinha bisbilhoteira de Thana é um elemento adicional na construção desse suspense. E que leva o espectador a torcer pela protagonista, para que o corpo não seja descoberto.

Definitivamente, o diretor Abel Ferrara acerta ao optar pela câmera lenta na cena final da festa, quando acontece uma matança em massa. Como comaparação, esse recurso, popularizado pelo cineasta Sam Peckinpah, torna essa conclusão uma versão do final apoteótico de Carrie, a Estranha (1976), de Brian De Palma.

Por outro lado, Sedução e Vingança, porém, possui alguns erros de edição – alguns cortes carecem de fluidez. De fato, há uma sequência muito fraca que deveria ter sido cortada do filme, envolvendo um rapaz em Chinatown. Esse trecho abre com um clichê de seriado ruim para a televisão, mostrando a fachada de um restaurante e uma música oriental para introduzir o cenário da ação. E não se encaixa na narrativa, pois o rapaz chinês apenas se despede da namorada e, logo em seguida, é inexplicavelmente perseguido pela serial killer.

Zoë Lund

Adicionalmente, o filme perde também com a atuação inexpressiva Zoë Lund (creditada como Zöe Tamerlis) no papel principal, incapaz de aproveitar o potencial dramático das cenas em que é violentada e dos traumas que ficam. Depois, apresenta pouca capacidade de variar seu semblante quando está em um ambiente rotineiro e quando está matando friamente. Nesse sentido, interpretar uma personagem muda até ajuda a esconder suas limitações.

Depois, a atriz viria a trabalhar novamente com Abel Ferrara em Vício Frenético (1992), sendo também a autora do roteiro desse filme. Mas morreria cedo, aos 37 anos, por abuso no uso de drogas.

Por fim, Sedução e Vingança, com o tempo, provou-se uma sólida amostra do que o diretor Abel Ferrara viria a produzir em sua consistente carreira como diretor de cinema.


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