O acelerado ritmo de Sem Limites se conecta com sua estória, sobre o NZT, uma droga revolucionária que estimula o cérebro do seu usuário, atingindo QI de extraordinários quatro dígitos. O lado ruim, como toda droga tem, é que ela cria uma dependência extrema, e a ausência da substância deteriora rapidamente a vítima, levando-o à morte. Como a produção de NZT é restrita e ilegal, os dependentes recorrem a meios violentos para obtê-la.
O protagonista Eddie Morra (Bradley Cooper) está em crise. Ele não consegue escrever o livro para o qual foi contratado e seu fracasso leva ao fim do seu namoro. Então, experimenta o NZT, e sua inteligência e sua criatividade crescem exponencialmente. Com ela, Eddie consegue escrever não só um, mas vários livros. Além disso, aprende a lutar a partir de cenas de filmes de ação e até aprende idiomas novos de um dia para outro. Logo, sua ambição cresce, e ele usa suas habilidades novas para ganhar dinheiro no mercado financeiro. Nesse sentido, o multimilionário financista Carl Van Loon (Robert De Niro) o contrata. Porém, a inconstância no suprimento da droga, para seu uso e para suprir um novo usuário que era seu credor, põe em risco seu trabalho e sua vida.
Direção de Neil Burger
O diretor Neil Burger é conhecido por filmes como O Ilusionista (2006) e Divergente (2014). Aparentemente, Clube da Luta (1999) de David Fincher serviu de influência para o diretor Neil Burger construir Sem Limites. Afinal, ele espelha o seu visual moderno e frenético, inclusive usando recursos gráficos para os momentos em que Eddie Morra está sob influência da droga. Ou seja, letras aparecem na tela, e o raciocínio alterado do protagonista é ilustrado com letras e números que surgem no teto de seu quarto. Mais de uma vez, ele mostra o personagem que toma a droga ver a si mesmo, como se o raciocínio fosse tão veloz que resultasse nesse efeito. Alguns truques são estonteantes, como quando a câmera atravessa por dentro dos carros na rua.
Aliás, a sequência inicial é arrebatadora. Ouvimos uma trilha empolgante junto com a narração do protagonista. E a câmera sobe da rua até a cobertura de Eddie Morra, que se encontra de pé na mureta, prestes a se suicidar. Sabemos que ele está em perigo, porque alguém está tentando arrombar sua porta. A partir daí começa a estória, em flashback, para contar como ele chegou nessa situação.
“Sem Limites” é uma alucinante narrativa sobre os efeitos das drogas, aqui retratados em versão fantasiosa. Por outro lado, vale também como uma fábula a respeito de como o poder pode arruinar uma pessoa. Como demonstra, os usuários da droga não conseguem resistir à tentação de reviver as habilidades sobre-humanas resultantes dela, e acabam definhando até a morte com a sua falta.
Assim, embalado em um visual moderno, é um filme que merece ser assistido.
