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Seus Ossos e Seus Olhos (filme)
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Seus Ossos e Seus Olhos

Avaliação:
5/10

5/10

Crítica | Ficha técnica

Em Seus Ossos e Seus Olhos, o diretor e roteirista Caetano Gotardo faz sua contribuição para a bandeira LGBTQIA+. Mas não de forma brutal como no cinema de Gustavo Vinagre, um dos produtores associados do filme. Aqui, as cenas de sexo, embora longas, prezam a sensibilidade e não o explícito. Mais importante que isso, é uma obra ousada, que quer quebrar as barreiras do clássico, afirmação esta identificada na sua citação ao cineasta francês Chris Marker.

O jogo de tempo lembra outro filme da mesma nouvelle vague, O Ano Passado em Marienbad (L’année dernière à Marienbad, 1961), de Alain Resnais. Isso aparece neste longa de Caetano Gotardo quando os personagens começam a repetir frases que já disseram antes, em situações semelhantes com algum diferenciador. Por exemplo, no encontro entre o protagonista João (interpretado pelo próprio diretor) e sua amiga Irene (Malu Galli), cena que abre o filme e retorna na última meia hora.

O enredo não é uma narrativa com começo, meio e fim. E isso não resultado desse jogo de tempo que comentamos acima. É que o filme pretende apresentar um breve recorte (de talvez dois dias) da vida do jovem cineasta João. Nesse período, ele encontra Irene, seu namorado Álvaro (Vinicius Meloni), um desconhecido do metrô com quem transa. Além disso, realiza um trabalho na mesa de mixagem, quando o trecho que ele edita é a cena inicial do encontro com Irene.

Relatos do cotidiano

Em meio a tudo isso, os personagens contam várias pequenas histórias, independentes entre si. Buscando um elo entre elas, se sobressai o apelo à sensibilidade humana, à capacidade de sentirmos empatia pelo que acontece com as outras pessoas. Nesse processo, colaboram positivamente as atuações, até mesmo nos pequenos papéis. Esse aspecto vem da possível origem teatral desses atores, teatralidade que marca fortemente Seus Ossos e Seus Olhos, não tanto pelas interpretações, mas pelos próprios textos em si, construídos com termos não coloquiais, na maior parte.

A direção privilegia a câmera fixa, o que é um alívio no cinema contemporâneo que tende a filmar tudo com o equipamento na mão. A necessidade do enquadramento, por si, já sinaliza uma preocupação em filmar bem. Caetano Gotardo, além disso, prefere as tomadas longas, o que ajuda na apreciação do trabalho dos atores, mas ao mesmo tempo intensifica a teatralidade.

A proposta desse cinema não convencional, que joga com o tempo e ainda enche o enredo com relatos diversos do cotidiano é, sem dúvida, válida. Mas requer muito engajamento por parte do espectador, que deve estar disposto a apoiar essa intenção, caso contrário, Seus Ossos e Seus Olhos será uma experiência entediante.

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Ficha técnica:

Seus Ossos e Seus Olhos | 2019 | Brasil | 119 min | Direção e roteiro: Caetano Gotardo | Elenco: Caetano Gotardo, Malu Galli, Vinícius Meloni, Carlos Escher, Carlota Joaquina, Larissa Siqueira, Marina Tranjan, Wandré Gouveia, Daniel Turini, Irene Dias Rayck.

Distribuição: Descoloniza Filmes.

Trailer:

Seus Ossos e Seus Olhos
Onde assistir:
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