Quando Skinamarink: Canção de Ninar começa, parece que estamos diante de um filme de found footage. As imagens escuras e excessivamente granuladas, os enquadramentos fora do padrão cinematográfico, tudo isso remete a exemplares desse gênero, como Atividade Paranormal (Paranormal Activity, 2007). Mas, logo percebemos que algo não se encaixa nesse modelo. O que a câmera mostra? Não pode ser câmeras de segurança dentro da casa, pois seriam muitas, e ninguém colocaria uma debaixo da cama. Além disso, vemos diversas tomadas em variados locais, e em alguns trechos a câmera se move.
Essa resposta, na verdade, não é simples, pois o que vemos na tela é uma visão objetiva, retratando o que acontece dentro da casa, ou às vezes subjetiva, mostrando o que os personagens estão vendo. Basicamente, a trama mostra duas crianças pequenas, os irmãos Kevin e Kaylee, que inexplicavelmente ficam sozinhas (ou não) em casa. Em determinado momento, ouvimos o pai falando ao telefone sobre um acidente sofrido por Kevin. Mas depois o pai praticamente some, e vemos a mãe apenas em uma cena, sentada na cama de costas falando com Kaylee.
Experimental por conveniência
O conceito desse filme de estreia do diretor americano Kyle Edward Ball é convenientemente experimental. Dessa forma, ele consegue realizar um longa com um orçamento reduzido, e pode trabalhar à vontade no enredo, tomando todas as liberdades que quiser. Ou seja, não adianta entender tudo o que acontece na trama, ou o que ele quer comunicar em cada cena. Aliás, nem questionar por que as crianças não acendem as luzes ao andarem pela casa à noite (não é falta de energia elétrica, pois a televisão está sempre ligada). A liberdade chega ao ponto de omitir a voz da operadora do 911 que conversa com Kevin. Nessa cena, o que ela fala aparece em legendas. Mas abre margem a tolices como a privada que some e o alarme do carrinho de brinquedo que toca de repente.
Acima de tudo, o grande problema de Skinamarink: Canção de Ninar é que em nenhum momento esse terror B consegue assustar. Para quem gosta de experimentos cinematográficos, pode ser interessante. Mas para o restante do público, seus 100 minutos de imagens escuras e granuladas são imensamente irritantes.
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Ficha técnica
Skinamarink: Canção de Ninar | Skinamarink | 2022 | 100 min | EUA | Direção e roteiro: Kyle Edward Ball | Elenco: Lucas Paul, Dali Rose Tetreault, Ross Paul, Jaime Hill.
Distribuição: A2 Filmes.