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Sob o Signo de Capricórnio
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Sob o Signo de Capricórnio

Avaliação:
7.5/10

7.5/10

Crítica | Ficha técnica

Um drama com protagonistas irlandeses, Sob o Signo de Capricórnio (Under Capricorn) poderia ser um projeto de John Ford. Mas, é um filme de Alfred Hitchcock. Fora do suspense, e ainda num filme de época, esse longa rodado na Austrália, onde se passa sua história, se distingue na filmografia do diretor inglês. Por se desviar de sua rota habitual, Hitchcock viu esse filme naufragar nas bilheterias. No entanto, mesmo sendo um melodrama, é um melodrama hitchcockiano.

O enredo, por si só, traz temas presentes em outras obras de Hitchcock. Entre eles, a governanta que domina a casa, passando por cima da dona, que está também em Rebecca (1940). Sem contar que desconfiamos aqui do marido tal como desconfiamos de Cary Grant em Suspeita (Suspicion, 1941). Além disso, a religiosidade opressora de A Tortura do Silêncio (I Confess, 1953) surge aqui nas interjeições fanáticas da governanta.

Mas, além dos temas, o que mais se sobressai como característica hitchcockiana é o tom sinistro do filme. Em contraponto ao personagem flamboyant de Michael Wilding, que interpreta o nobre Charles Adare, desconfiamos dos segredos escondidos dentro da propriedade de Sam Flusky (Joseph Cotten), um ex-condenado (a trama não revela seu crime até o final) que enriqueceu na Austrália e se tornou um homem livre. Da mesma forma, estranhamos que a sua esposa Henrietta (Ingrid Bergman), de origem nobre, se sujeite a esse homem aparentemente agressivo, a ponto de levá-la ao alcoolismo. Por fim, ainda temos quase certeza de que a governanta Milly (Margaret Leighton) possui más intenções com a sua patroa.

Sombras sociais

Contudo, dessa vez, Hitchcock não se restringe a esse cenário sombrio. Sob o Signo de Capricórnio toca nos conflitos sociais na colônia britânica que foi o destino para muitos condenados cumprirem suas penas sob trabalho forçado. Com o tempo, alguns deles conseguiram comprar sua liberdade e ganhar muito dinheiro. Porém, era evidente o preconceito dos nobres contra esses novos ricos. Por isso, Sam Flusky se sente inferiorizado perto de Charles Adare, embora esse nobre nunca tenha feito nada de valor em sua vida.

Para ilustrar essa situação, há uma cena tipicamente hitchcockiana. Nela, vemos que Sam comprou um colar de rubis para a esposa. A câmera mantém um plano detalhe sobre o colar, enquanto ele se prepara para surpreendê-la com esse presente. Mas ele ouve Charles e Milly comentando que o vestido que ela colocou não combina com rubis. Então, ciente de sua ignorância sobre moda, Sam guarda às escondidas o presente, fechando essa narrativa majoritariamente visual.

Um drama hitchcockiano

De qualquer forma, Hitchcock sabia que estava filmando um melodrama. Por isso, evita os clichês que remeteriam ao suspense. Por exemplo, quando surge uma cabeça em miniatura, artefato utilizado para desestabilizar Henrietta, o diretor evita o habitual uso de uma música estridente para assustar o espectador. Mas, essa intenção de realizar um drama leva a algumas cenas cansativas, como aquela na qual Henrietta revela o grande segredo da relação do casal. O fato é essencial para a narrativa, mas o relato é longo demais. Por outro lado, o suspense não está totalmente descartado, e ele surge no trecho, já perto do final, quando aguardamos ansiosamente o que Charles Adare testemunhará, pois o que ele disser selará o destino dos demais protagonistas (e dele também). Ficamos na expectativa: qual o tamanho da honra desse jovem?

Sob o Signo de Capricórnio é, sem dúvida, um drama. Mas um drama sombrio, como se esperaria desse um diretor que nunca abdicou de ser um autor.

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Ficha técnica:

Sob o Signo de Capricórnio | Under Capricorn | 1949 | 117 min | Reino Unido | Direção: Alfred Hitchcock | Roteiro: James Bridie, Hume Cronyn | Elenco: Ingrid Bergman, Joseph Cotten, Michael Wilding, Margaret Leighton, Cecil Parker, Denis O’Dea.

Onde assistir:
Sob o Signo de Capricórnio
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