Submissão se arrisca a trabalhar vários gêneros: filme de guerra, de esporte, drama e religioso.
O longa-metragem começa no Afeganistão, onde os fuzileiros navais Bear e Cowboy enfrentam uma missão onde dois companheiros acabam mortos. Como resultado, a amizade entre os dois acaba com essa tragédia, pois Cowboy culpa Bear pelas perdas.
Três meses depois, já nos EUA, Cowboy está internado, com a saúde debilitada devido a uma substância que os inimigos injetaram nele na guerra. Para piorar, a situação é dramática porque sua esposa está grávida e ele só tem alguns meses de vida.
Enquanto isso, na mesma cidade, Bear tenta vencer seu vício nas drogas voltando a treinar e competir em lutas não oficiais de MMA. Ele tenta se reaproximar de Cowboy, mas este o rechaça. Mesmo assim, Bear se comove com a situação do ex-amigo.
Como curiosidade, o ator Scott Pryor, que interpreta Bear, é também o autor do roteiro de Submissão. E essa dobradinha repete o que ele fez antes no filme The List (2015), outra estória que possui um fundo religioso por trás da trama.
Análise
Justamente é essa religiosidade de Submissão que soa forçada. Afinal, sua origem é o médico do hospital que cuida de Cowboy e, coincidentemente, também, atende Bear, quando este tem uma recaída nas drogas. Adicionalmente, o doutor é um pastor e convida os dois veteranos de guerra a lerem a Bíblia, mas eles não se interessam. Porém, nos momentos de desespero, eles apelam a Deus.
Além disso, o filme guarda uma surpresa para o final que trabalha a ideia de religiosidade, tocando no aspecto do milagre e do sacrifício. E essa revelação pode agradar ou não o espectador, dependendo de suas crenças. Em termos de cinema, há uma falha na condução do segredo envolvido nesse desenlace, pois Bear sussurra essa informação para uma personagem do filme. Então, expor isso na tela soa como uma traição ao espectador, que vê explicitamente uma informação ser escondida dele.
Na verdade, isso só agrava a já difícil conexão do público com os personagens. O filme apresenta boas cenas de ação, principalmente na guerra e nos combates de MMA, mas falha nas cenas dramáticas, o que prejudica a empatia do espectador com os dois protagonistas. A intenção de Scott Pryor de inserir uma mensagem religiosa de maneira fluída num filme de outros gêneros, definitivamente, não funciona.
Ficha técnica:
Submissão: Uma Luta Pela Qual Vale a Pena Morrer (Blackbear) 2019, EUA, 94 min. Dir: J.M. Berrios. Rot: Scott Pryor. Elenco: Scott Pryor, Darrin Dewitt Henson, Kevin Sizemore, Eric Roberts, Lorynn York, Lauren Swickard, John Gray, Sara McMann, Dixie Light. Distribuição: A2 Filmes.