Quem lê a trama de Ted não se sente muito atraído a assisti-lo. Afinal, parece muito boba a estória de um homem de trinta anos que tem como melhor amigo um bicho de pelúcia que ganhou vida quando, enquanto criança, ele fez um pedido a uma estrela cadente. Porém, vale a pena sim conferir.
Logo nos primeiros minutos, percebemos que o clima do filme não é ingenuamente fantasioso, mas ácido e sarcástico. O enredo tem uma boa sacada que o torna minimamente aceitável. O bicho de pelúcia, Ted, ao ganhar vida, se torna notícia mundial, aparece nos noticiários, vai a talk-shows e coisas do tipo. Mas, depois de alguns anos, aí o toque de esperteza dos roteiristas Seth MacFarlane (também diretor), Alec Sulkin e Wellesley Wild. Ou seja, como acontece hoje com toda celebridade, ninguém mais quer saber dele e logo ele cai no esquecimento.
Humor negro
O humor negro predomina no filme, explorando a absurda ideia do brinquedo para crianças se portando como um homem adulto que só quer farra. Vê-se Ted se drogando, divertindo-se com prostitutas, se masturbando, etc.
Analisando bem, Ted representa o amigo de infância que perde espaço quando surge a namorada ou esposa na vida de seu grande companheiro. Por isso, o ursinho está sempre tentando desviar John Bennet (Mark Wahlberg) do relacionamento com sua namorada Lori Collins (Mila Kunis).
Assim, é uma fábula sobre amadurecimento. O filme foca aquele momento em que é necessário deixar de lado as festas, bebidas, drogas, mulheres, a vida despreocupada, as referências da infância – como o herói Flash Gordon, do filme kitsch dos anos 80.
As melhores piadas envolvem esse filme cafona do herói espacial, que teve trilha sonora do Queen, aproveitada em algumas cenas de ação em Ted. Nesse sentido, é hilária a presença do canastrão ator Sam J. Jones, vivendo ele mesmo. Por outro lado, a cena da sátira a Embalos de Sábado à Noite já havia sido filmada na clássica comédia Apertem os cintos… o Piloto Sumiu (1980).
Enfim, Ted é divertido e esperto, como o próprio personagem.
