O filme Tetris conta a impressionante história desse famoso vídeo game. É uma jornada impressionante que permite uma narrativa repleta de ação e espionagem.
Um programador soviético, Alexey Pajitnov (Nikita Efremov), criou o jogo como hobby em 1984. “Tetris” vem do termo grego tetra (quatro) combinado com o nome do seu esporte favorito, o tênis. Em 1988, o distribuidor de software Robert Stein (Toby Jones) comprou de Alexey parte do direito de distribuição internacional, dando assim origem a um longo imbróglio até que essa questão de propriedade intelectual restar definitivamente resolvida.
O filme acompanha esse processo pelo ponto de vista de Henk Rogers (Taron Egerton). Criador de games e empresário desse ramo, Henk se empenha em levar os direitos do Tetris para a Nintendo.
A trama rende um filme agitado. De um lado, estão as habituais sujeiras dos empresários capitalistas que concorrem pelos direitos de distribuição do Tetris. De outro, o misterioso mundo opressor detrás da Cortina de Ferro, ambiente ainda mais conturbado por conta da Glasnot da época. Ou seja, no enredo rolam trapaças, mentiras, espionagem, suborno, ameaça e até violência física.
A direção
O diretor Jon S. Baird realizou antes o frenético Filth – O Nome da Ambição (2013), que lembra os primeiros filmes de Guy Ritchie. Depois, mudando a chave, dirigiu de forma tradicional a cinebiografia Stan & Ollie (2018). De novo, estava a tentativa de reproduzir no cotidiano a interação cômica dessa dupla (O Gordo e o Magro). Desenvolvendo o que fez neste último, em Tetris Baird avança na aproximação do visual na tela com a narrativa. Assim, várias transições de cena ganham o estilo da animação com baixos pixels dos anos 1980, época em que o jogo entrou no mercado. Arrisca até uma mistura entre live action e essa animação de game na perseguição de carro da parte final. Ficou divertido, mas coloca de lado o espectador que embarcou na história como um filme de ação.
Mas Baird erra mesmo quando coloca inserções supérfluas dos games que o protagonista menciona enquanto fala. Parece até aqueles videoclipes sem imaginação que simplesmente mostram o que a letra da música conta. Além disso, fica uma incógnita sobre o que o diretor pretendia ao colocar os congelamentos do último frame de algumas cenas durante a primeira parte. Seria uma referência aos filmes de máfia de Martin Scorsese?
Enfim, no geral Tetris não decepciona. Pelo contrário, é até uma boa surpresa. Quem imaginaria que a comercialização de um game geraria uma aventura dessa? Acima de tudo, John S. Baird tem o mérito de aproveitar esse material, transformando-o em um filme movimentado e sempre instigante.
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Ficha técnica:
Tetris | 2023 | 118 min | Reino Unido, EUA | Direção: Jon S. Baird | Roteiro: Noah Pink | Elenco: Taron Egerton, Nikita Efremov, Toby Jones, Oleg Stefan, Roger Allam, Sofya Lebedeva, Anthony Boyle, Togo Igawa, Ayane Nagabuchi, Karon Narumi, Igor Grabuzov, Matthew Marsh.
