Teu Nome é Mulher (Designing Woman) perdeu sua graça. Essa impressão, na verdade, é por conta da passagem do tempo. Afinal, seu enredo, que parece tão tolo, ganhou até o Oscar nessa categoria, dado a George Wells.
No filme, o conflito central envolve ciúmes do casal de protagonistas recém-apaixonados. Daria certo, ainda hoje, se eles fossem adolescentes. De fato, muitos roteiros ainda exploram esse tema em comédias românticas contemporâneas. Porém, em Teu Nome é Mulher o casal não é adolescente. São adultos bem vividos. Gregory Peck faz Mike Hagen, um jornalista esportivo. E Lauren Bacall é Marilla Brown, uma rica estilista de moda.
Como se casaram no auge da paixão na viagem em que se conheceram, retornam para casa em Nova York tendo que aparar antigos relacionamentos. Marilla confessa que o produtor Zachary Wilde (Tom Helmore) a pedira em casamento certa vez. Agora, Wilde quer que ela desenhe o vestuário de sua nova peça de teatro, o que deixa Mike com a pulga atrás da orelha. Mas ele, pior ainda, não tem coragem de contar que saía com a cantora Lori Shannon (Dolores Gray), justamente a nova contratada para a produção de Wilde. Esse muito barulho por nada é pouco, e não consegue carregar a narrativa, pelo menos para o público de hoje.
Para ajudar na trama, Mike corre perigo porque ele critica em sua coluna um empresário de boxe (vivido por Edward Platt, o chefe na série Agente 86). Apesar da ameaça que sofre, o jornalista continua publicando os trambiques desonestos desse sujeito. Por fim, ele resolve intimidar com violência.
Um retrato social da época
O distanciamento do tempo, por outro lado, levanta o interesse do espectador atual para observar o comportamento social dos anos 1950. Naquele ambiente machista, o fato de a mulher ser mais bem sucedida financeiramente que seu marido, gerava motivo de chacota para Mike. Um colega, nesse sentido, lhe pergunta, com sarcasmo, se ele vai manter o nome de solteiro.
Da mesma forma, outra questão levantada meio que à surdina, é a da homofobia. Em certo momento, Mike faz trejeitos imitando os gestos afeminados do coreógrafo Randy Owens (Jack Cole), e este precisa se defender dizendo que tem esposa e filhos. Mas, no final, Luke dá o troco. Na melhor cena do filme, ele salva Mike dos brutamontes que querem matá-lo, derrubando todos com golpes semelhantes a graciosos passos de dança. É Minnelli dando um chute nos preconceituosos de plantão. Com toda a elegância.
Antes de fechar a crítica, merece menção especial a cena de abertura. Um por um, os personagens principais se apresentam olhando diretamente para a câmera, e passam a bola para o contador seguinte. Lembra o estilo de comédia audacioso de Frank Tashlin. A gag visual, também tashliniana, surge nos pedaços da fotografia picotada quando Marilla descobre que Lori era a garota que estava saindo com seu agora marido. Pena que a estória não ajuda. Ou melhor, apenas ficou ultrapassada.
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Ficha técnica de “Teu Nome é Mulher”:
Teu Nome é Mulher | Designing Woman | 1957 | 118 min | EUA | Direção: Vincente Minnelli | Roteiro: George Wells | Elenco: Gregory Peck, Lauren Bacall, Dolores Gray, Sam Levene, Tom Helmore, Mickey Shaughnessy, Jesse White, Chuck Connors, Edward Platt, Alvy Moore, Jack Cole.