Esqueça o Martin Scorcese angelical de A Invenção de Hugo Cabret, seu filme de 2011. Em O Lobo de Wall Street é o diretor de Caminhos Perigosos que está no comando, levando para as telas a chocante biografia de Jordan Belfort, o ex-milionário antiético do mercado de ações. As pesadas revelações de sua história permitiram que Scorsese fosse tão ousado quanto sua criatividade lhe permitiu.
De cara, o filme nos pega de surpresa com o uso abundante de drogas e a presença constante de cenas de sexo e orgias, mesmo não sendo explícito. E, isso sem mencionar as táticas imundas usadas por Belfort para ficar rico. Além disso, tudo aconteceu na vida real, o que é surpreendente.
Acertadamente, Scorsese usa um monte de recursos que se encaixam no topo da vida do milionário. Por exemplo, encontramos o voice over na narração do personagem principal, congelamento de imagem, conversa direta para a câmera, câmera lenta, ângulos inesperados. Nesse sentido, vemos o personagem dirigindo uma Ferrari vermelha e, de repente, o narrador diz que era branco-como-o-de-Don-Johnson-em-Miami-Vice, e o carro muda de cor.
Um vendedor nato
Na verdade, o talento real de Jordan Belfort era ser um vendedor incrível. Assim, ele faz sucesso quando começa a vender ações penny stocks, e isso lhe rendeu grandes comissões. A grande questão é que ele tinha aprendido com um ex-empregador, interpretado magnificamente por Matthew McConaughey em uma pequena ponta. Aliás, essa é uma das melhores cenas do filme. Porém, segundo o mentor, ele não deveria se importar se seu cliente ganhava dinheiro, o importante era vender e receber a comissão. Como resultado, essas práticas antiéticas o levariam às investigações do FBI e, finalmente, à sua ruína.
Aliás, O Lobo de Wall Street é extravagante como a década de 1980, magistralmente retratado pela direção de arte. Igualmente extravagante era a maneira como Belfort viveu. Interpretado por Leonardo Dicaprio, companheiro de longa data de Scorsese em muitas produções, o personagem fica cada vez mais louco durante o filme. Nesse processo, ele deixa sua bela esposa (Cristin Milioti) e a substitui pela garota de programas Naomi (Margot Robbie). Logo, fica viciado em sexo, drogas e em ganância infinita.
Enfim, se Os Infiltrados (2006) foi aclamado pela crítica e pelo público e O Lobo de Wall Street não tanto, isso só pode ser explicado pelo tema desagradável deste último. Porém, este é um filme sujo, mas brilhante.
Ficha técnica:
O Lobo de Wall Street (The Wolf of Wall Street) 2013. 180 min. Dir: Martin Scorsese. Rot: Terence Winter. Com Leonardo DiCaprio, Jonah Hill, Margot Robbie, Matthew McConaughey, Kyle Chandler, Rob Reiner, Jon Bernthal, Jon Favreau, Jean Dujardin, Joanna Lumley, Cristin Milioti, Christine Ebersole, Shea Wigham, Katarina Cas, P.J. Byrne, Kenneth Choi, Brian Sacca, Henry Zebrowski, Ethan Suplee, Barry Rothbart, Jake Hoffman, Mackenzie Meehan, Aya Cash, Stephanie Kurtzuba, Ashlie Atkinson, Jordan Belfort, Sandra Nelson, Christina Jeffs, Carla Corvo.
Assista: Martin Scorsese talks about “The Wolf of Wall Street”
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