A Marvel tenta uma via alternativa para reconquistar sua posição hegemônica dentro dos filmes de super-heróis. No lugar dos personagens mais famosos, entra um time secundário. Essa opção não só fica explícita no filme, como é até alvo de sarcasmo. Yelena Belova (Florence Pugh), Alexei Shostakov (David Harbour), Ghost (Hannah John-Kamen) e John Walker (Wyatt Russell) se reconhecem como fracassados, e adotam o nome Thunderbolts ao formarem, com relutância, uma equipe. Até mesmo o herói mais poderoso desta história não surgiu como protagonista – é Bucky Barnes (Sebastian Stan), o companheiro do Capitão América que já agiu como vilão após sofrer uma lavagem cerebral.
Neste novo filme, a burocrata Valentina Allegra de Fontaine (Julia Louis-Dreyfus) arquiteta um plano vilanesco. Através de novas experiências, ela pretende criar o super-herói supremo, que deve obedecer aos seus comandos. Para isso, ela escolhe um rapaz perdido, Robert Reynolds (Lewis Pullman), que se tornará o poderoso Sentinela, capaz de derrotar facilmente os Thunderbolts e Bucky Barnes juntos. Mas, um incidente o deixa descontrolado e mais fortalecido por se alimentar dos sentimentos sombrios.
Na primeira parte do filme, Valentina atrai Yelena, Ghost e John Walker para um bunker, onde ficam presos junto com um frágil Robert ‘Bob’ Reynolds. Alguns momentos com misteriosos flashbacks de momentos dramáticos na vida dos heróis antecipam o que acontecerá posteriormente quando surge o Sentinela em sua forma sombria. Mas, no geral, assistir a essa tentativa de fuga se torna cansativo. O posterior encontro com Alexei e Bucky injeta um pouco mais de adrenalina na trama.
Marvel contra o baixo astral
No entanto, o filme só melhora mesmo em Nova York, quando Valentina coloca seu Sentinela para enfrentar o time de super-heróis. Esse confronto é muito bem filmado pelo diretor Jake Schreier, de Frank e o Robô (2012) e Cidades de Papel (2015). A cena consegue retratar os superpoderes desse vilão convincentemente, e sem deixar os planos curtos demais. Ou seja, desta vez é possível acompanhar os golpes e tudo mais que acontece na luta, o que não costuma acontecer nos filmes da Marvel.
A luta contra o poder sombrio eleva a carga dramática do enredo. A base dessa força é o sentimento negativo, o que conecta fortemente a escolha desses heróis perdedores como oponentes desse supervilão. Afinal, para vencê-lo, eles precisam superar seus traumas e sua falta de autoestima. Pena que a narrativa não abre espaço para todos os integrantes, detalhe que seria mais importante do que a longa e extenuante fuga do bunker na primeira metade da história. De qualquer forma, carrega uma mensagem positiva para o público nestes tempos de incerteza.
Em relação à nova fase da Marvel, o melhor deve estar por vir. 2025 parece ser o ano de uma retomada. Capitão América: Admirável Mundo Novo e este Thunderbolts* estão acima de outras tentativas frustradas dos últimos anos. Fica a expectativa agora para a confirmação com o terceiro lançamento do ano: Quarteto Fantástico, a terceira tentativa de adaptar esse grupo de super-heróis para o cinema.
___________________________________________
Ficha técnica:
Thunderbolts* | 2025 | 126 min. | EUA | Direção: Jake Schreier | Roteiro: Eric Pearson, Joanna Calo | Elenco: Florence Pugh, Sebastian Stan, Wyatt Russell, David Harbour, Hannah John-Kamen, Julia Louis-Dreyfus, Lewis Pullman, Geraldine Viswanathan, Chris Bauer, Wendell Pierce, Olga Kurylenko.
Distribuição: Disney.