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Tire 5 Cartas (filme)
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Tire 5 Cartas

Avaliação:
6/10

6/10

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Crítica | Ficha técnica

Tire 5 Cartas está à frente da maioria das comédias nacionais por contar com dois atores de peso como protagonistas: Lilia Cabral e Stepan Nercessian. Além disso, com um diretor que inicia sua carreira se desafiando em diferentes gêneros. O primeiro longa de Diego Freitas, O Segredo de Davi (2018), é um filme de terror. Seu segundo, o drama romântico Depois do Universo (2022).

Um começo relutante

Agora, Diego Freitas estreia na comédia.

Tire 5 Cartas, provavelmente por falta de experiência no gênero, começa relutante, repetindo o cacoete dos exemplares mais populares do gênero, aqueles que tentam trazer para a telona um amontoado de esquetes típicos de programas humorísticos.

É assim que o longa apresenta a personagem principal Fátima (Lilia Cabral), uma trambiqueira na vida e na sua profissão de taróloga. Porém, a sucessão de golpes que ela aplica ultrapassa a necessidade da introdução da personagem ao espectador. De fato, a intenção é tentar fazer o público rir da mesma piada várias vezes. Ou seja, como num esquete de programa de humor semanal, quando a piada é a mesma só mudando a situação.

Quem a ajuda nesses golpes é o marido Lindoval (Stepan Nercessian), que trabalha como cover de Sidney Magal. A escolha de Stepan para esse papel é um verdadeiro achado, mas a repetição da graça em vê-lo imitando o cantor brega também exaure esse potencial.

O que salva nesse começo relutante é a força desses dois atores. Lilia Cabral assume o protagonismo já com uma narração em primeira pessoa. Figura conhecida do público, ela ainda quebra a quarta parede e convoca a cumplicidade do espectador. O jogo já está ganho desde o início, então, não precisava insistir na mesma piada – isso funciona mais com os humoristas de raiz.

Do Rio para São Luís

O propósito um tanto desesperado de provocar gargalhadas passa por cima também da narrativa. Muitas falas dos personagens buscam o riso, mas não condizem, ou não são a melhor solução, para fazer a história andar. Um exemplo disso está na confusão que faz o relutante ladrão entregar o anel roubado para Fátima.

Aliás, é essa trapalhada que obriga o casal a fugir do Rio de Janeiro para São Luís do Maranhão, local onde Fátima nasceu, mas para onde nunca mais retornou. E onde vive sua irmã, com quem ela não se entende. Agora, as duas terão que administrar juntas a pensão herdada de um tio recém-falecido.

Os ladrões que ameaçam Fátima por conta da joia roubada somem da trama, e só retornam na parte final. Ou seja, não é essa a linha narrativa principal. O que conta, no fundo, é a restauração do relacionamento entre as irmãs. Ao lado disso, andam a viuvez inesperada de Fátima (com o marido ainda metendo o bedelho na sua vida) e o estabelecimento dos serviços de taróloga dentro da pensão.

O desfecho em si é previsível, mas, além da viuvez, o que surpreende é o discurso maldoso de Fátima, disparando contra todos os parentes e amigos da pensão. Pega pesado demais, e o roteiro parece ter exagerado na dose, pois dificulta acreditarmos que o convívio amistoso seja retomado de forma tão natural no final. Nem mesmo a analogia com o vaso quebrado que ainda pode ser colado ajuda nesse sentido.

Globeleza

A produção peca por carregar aquele “padrão Globo”. Em outras palavras, por embelezar demais a pobreza, tornando-a artificial. Por exemplo, na cena em que a irmã apresenta à Fátima as condições precárias da pensão – é o que a personagem diz, mas na tela vemos um imóvel em boas condições. Da mesma forma, a São Luís que vemos na tela tem indisfarçável intenção de propaganda turística. Por isso, as ruas estão impecáveis e praticamente vazias.

Observando um detalhe específico da direção, Diego Freitas desperdiça a oportunidade de usar a profundidade de campo para colocar uma transição de foco óbvia demais, e não bem executada, numa cena dentro da pensão com personagens em primeiro plano falando daqueles que estão no fundo.

Por outro lado, ajuda bastante que o filme tenha intervenções musicais. Poderiam até ser mais numerosas, pois trariam mais ritmo e harmonizariam o tom de Tire 5 Cartas. Nesse quesito, as sequências com as duas vocalistas que aparecem de repente dão um bem-vindo toque fantástico para a trama, inclusive antecipando o que viria a acontecer com a reaparição de Lindoval.

Em suma, Tire 5 Cartas alterna bons e maus momentos. Os bons são rápidos demais e os maus não chegam a comprometer. Resta agora ver se as cartas dizem qual será o gênero do próximo filme de Diego Freitas.

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Ficha técnica:

Tire 5 Cartas | 2023 | Brasil | Direção: Diego Freitas | Roteiro: Joaquim Haickel, Gustavo Pinheiro, Melina Dalboni, Diego Freitas, Giulia Bertolli, Julia Antuerpem | Elenco: Lilia Cabral, Stepan Nercessian, Cláudia Di Moura, Guilherme Piva, Gabriel Godoy, Sérgio Malheiros, Giulia Bertolli, César Boaes, Allan Souza Lima, Claudiana Cotrim, Thaynara O, Mathy Lemos.

Distribuição: Vinny Filmes, Eh! Filmes Distribuidora.

O filme Tire 5 Cartas tem estreia nos cinemas programada para 14 de setembro de 2023.

Trailer aqui.

Onde assistir:
Tire 5 Cartas (filme)
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