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Toc Toc Toc: Ecos do Além (filme)
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Toc Toc Toc: Ecos do Além

Avaliação:
7/10

7/10

Crítica | Ficha técnica

Se você gostou de Fale Comigo (Talk to Me, 2023), de Danny Philippou e Michael Philippou, mas prefere um terror mais direto, a dica é assistir a Toc Toc Toc: Ecos do Além (Cobweb). Primeiro longa-metragem do diretor Samuel Bodin, esse filme consegue assustar partindo do medo de infância de dormir sozinho no quarto. No caso do menino Peter (Woody Norman), de oito anos, os pais são instáveis, e os colegas da escola nada amistosos. Então, só resta a ele confiar na voz de menina que está atrás de sua parede.

O roteiro prefere não explicar por que essa família mora numa casa de madeira velha e mal-cuidada. Nem o motivo pelo qual a mãe Carol (Lizzy Caplan) e o pai Mark (Anthony Starr) alternam momentos de ternura com outros de agressividade. Mark chega até a trancar Peter no porão como castigo. A única pessoa que se importa com o menino é sua professora Devine (Cleopatra Coleman), personagem que acumula a maior parte dos problemas de verossimilhança do enredo (“por que ela demora para chegar na casa após Peter pedir ajuda?”, “por que ela nunca chama a polícia?” são algumas das questões que ficam em aberto). A única explicação para as atitudes estranhas dos pais está no fato de uma menina ter desaparecido no bairro alguns anos atrás.

Premissa central

Apesar dessas indefinições, Toc Toc Toc: Ecos do Além se sustenta com uma premissa central sólida. A voz atrás da parede pertence a uma real e descomunal que desenvolveu poderes especiais ao lutar por sobreviver no espaço cruel onde foi deixada para morrer. Beira o sobrenatural, principalmente por conta das habilidades desse monstro, mas o filme não entra nessa seara. O ser aparece gradativamente mais na tela, mas nunca a ponto de nos acostumarmos com suas características. Por isso, seus cabelos gigantescos, com muitas aranhas, seus movimentos rapidíssimos até subindo paredes, e seu rosto deformado sempre assustam desde que sai da sua prisão.

Como contraponto dessa construção de uma aberração que foi condenada por ser diferente, está o risco de despertar alguma empatia pela criatura. Senti até alguma pena dela quando a professora a ataca na parte final. Nesse sentido, faltou incluir algum detalhe que indicasse que ela é do mal desde que nasceu. De qualquer forma, no momento em que a história se desenrola, e por já ter feito uma vítima no passado, fica subentendida essa propensão incontrolável para matar qualquer pessoa. E, também, para fazer o mal incitando o menino Peter a ser violento também, uma linha que surge na narrativa que leva a uma falsa conclusão, pois parece que tudo fica resolvido quando os pais saem de cena.

Na verdade, é depois desse momento que o terror cresce. Começa com um suspense danado quando Peter, ignorando a recomendação da mãe, vai libertar a menina que está presa atrás das paredes. Nessa sequência, muito bem filmada, o diretor espera o tempo necessário para que a ansiedade cresça, desde a aproximação do garoto até ele finalmente virar a chave. E, em seguida, a criatura aparece lentamente, apenas revelando suas mãos esqueléticas e seus longuíssimos cabelos de teia de aranha.

Direção

O diretor Samuel Brodin, aliás, demonstra ter talento. Seu trabalho com sombras merece destaque. Primeiro, na cena na qual Peter está nas escadas do sobrado onde mora, e as sombras gigantes dos pais surge ao seu redor. Assim, cria uma configuração gótica que lembra o belíssimo O Mensageiro do Diabo (Night of the Hunter, 1955), de Charles Laughton. Inclusive porque esses dois filmes lidam com o medo infantil, como contos de fadas sombrios. Depois, com as sombras dos pais ainda perseguindo o menino. E, por fim, deixando algumas cenas de violência gráfica fora das telas substituindo-as pelas sombras.

Antes de concluir, vale ainda apontar o acerto em colocar uma cena de pesadelo na parte inicial do filme. Refiro-me à visão de Peter de seus pais como se fossem seres sobrenaturais e que termina com a mãe se movimentando assustadoramente em sua direção. Dessa forma, o filme coloca o temor no espectador, que fica apreensivo pelo que virá a seguir.

Em suma, Toc Toc Toc: Ecos do Além tem uma narrativa central sólida, mas com detalhes mal resolvidos, e uma direção talentosa. Entrega bem mais do que a expectativa criada por esse péssimo título nacional.

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Ficha técnica:

Toc Toc Toc: Ecos do Além | Cobweb | 2023 | 88 min. | EUA, Bulgária | Direção: Samuel Bodin | Roteiro: Chris Thomas Devlin | Elenco: Lizzy Caplan, Antony Starr, Cleopatra Coleman, Woody Norman, Luke Busey, Aleksandra Dagova.

Distribuição: Paris Filmes.

Trailer aqui.

Onde assistir:
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