Pesquisar
Close this search box.
Trapaça (filme)
[seo_header]
[seo_footer]

Trapaça

Avaliação:
7/10

7/10

clique no botão abaixo para ouvir o texto

Crítica | Ficha técnica

“Trapaça” quebra a imagem de suas estrelas

As primeiras cenas de “Trapaça” antecipam um momento que ainda não aconteceu, e a estória retrocederá até alcançar esse evento. O mais relevante é desconstruir de imediato a imagem heroica de Christian Bale, intérprete do homem-morcego em “Batman Begins” (Batman Begins, 2005) e suas duas sequências. Barrigudo, tentando pateticamente disfarçar sua careca, ele logo assume a narração em primeira pessoa. Assim, mostra também sua falta de ética desde criança, quando jogava pedras em vitrines de lojas para que seu pai, vidraceiro, ganhasse novos clientes.

Ele conta como conheceu Sydney (Amy Adams), e o filme demonstra de forma interessante o envolvimento amoroso dos dois, ao alternar as narrações entre os personagens, como se dialogassem através dos pensamentos. E, se Christian Bale surpreende por desfigurar sua aparência, Amy Adams chama a atenção por explodir sua sensualidade na tela, como nunca havia feito antes.

Nova York, 1978

As tonalidades douradas e marrons dominam o visual, reforçando o período em que a estória, baseada em fatos reais, acontece, ainda que essa informação seja levada ao espectador no começo do filme, com uma legenda marcando “Nova York, 1978”. As cores em geral muito fortes, junto com o uso de montagens, como a ascensão do casal em seus negócios inescrupulosos onde ofereciam falsos empréstimos, dão agilidade a “Trapaça”.

Assim, os acontecimentos se sucedem rapidamente, e perto de meia hora de filme, conhecemos o fato que coloca a estória de fato nos trilhos. Richie DiMaso (Bradley Cooper), um ambicioso agente do FBI desmascara a dupla de pilantras e lhes oferecem privilégios caso ajudem a incriminar pessoas importantes que praticam o suborno. Bradley Cooper também está desglamourizado, como um personagem antipático. Quem surge também transformada é Jennifer Lawrence, como a detestável ex-mulher de Christian Bale, totalmente vulgar. Os dois também ganham direito a momentos de narração em primeira pessoa.

David O. Russell

O diretor David O. Russell faz um excelente trabalho com seus atores em “Trapaça”, reunindo sua queridinha Jennifer Lawrence, com quem já havia rodado dois filmes. Aliás, em um deles, “O Lado Bom Da Vida” (Silver Linings Playbook, 2012), ela contracenou com Bradley Cooper. Adicionalmente, Russell reúne também Amy Adams e Christian Bale, dupla de atores de outro filme seu, “O Vencedor” (The Fighter, 2010). E uma cena marcante demonstra seu talento em conseguir grandes interpretações. É quando Amy Adams conta seus sentimentos verdadeiros para Bale, já sem a beleza de outras cenas, sem maquiagem e com bobbies na cabeça.

Encontramos ecos de outros filmes em “Trapaça”, principalmente os de Martin Scorsese. A ambientação nos anos 1970 de uma estória repleta de personagens à margem da lei, com destacada trilha sonora repleta de música pop da época, são suficientes para essa comparação. Porém, Russell arrisca um momento que soa over, quando Jennifer Lawrence começa a dublar a canção “Live and Let Die”, na versão de Paul McCartney.

O mais curioso, contudo, é que a cena que mostra que a sala do escritório do advogado do chefão dos cassinos era uma farsa, rouba a ideia de um outro filme. E este ganhou o título nacional de “A Trapaça” (The Spanish Prisoner, 1997), dirigido e escrito por David Mamet, e com Steve Martin no elenco.

Em suma, neste “Trapaça”, o que vale a pena são as construções fora do comum dos quatro atores principais. Além da tentativa de retratar o estilo Scorsese de “Caminhos Perigosos” (Mean Streets, 1973) e “Os Bons Companheiros” (Goodfellas, 1990), inclusive com a presença de Robert De Niro em participação especial.


Trapaça (filme)
Trapaça (filme)
Compartilhe esse texto:

Críticas novas:

Rolar para o topo