O nome Trem-Bala (Bullet Train) faz jus ao filme. Não só porque sua história acontece a bordo desse veículo, mas também devido ao seu ritmo extremamente acelerado. Costumamos comparar esse tipo de filme a uma montanha-russa, por conta da adrenalina que provoca uma volta cheia de curvas e altos e baixos. Mas a velocidade nessa produção supera de longe esse brinquedo de parques. Acertadamente, a direção caiu nas mãos de um especialista no gênero ação. Seu primeiro trabalho devidamente creditado foi em Atômica (Atomic Blonde, 2017), no qual Charlize Theron interpreta uma superagente do MI6. Depois, assumiu as rédeas de Deadpool 2 (2018), no qual pode exercitar o humor ácido (ingrediente essencial de Trem-Bala). Em seguida, ele ainda dirigiu Velozes & Furiosos: Hobbs & Shaw (Fast & Furious Presents: Hobbs & Shaw, 2019).
O enredo intrincado adapta o livro de Kotaro Isaka. Vários personagens embarcam no trem-bala no Japão com intenções sinistras. Alguns aparecem apenas brevemente, em participações especiais de atores conhecidos, como Zazie Beetz e Ryan Reynolds (de Deadpool), e Channing Tatum. Ninguém é confiável, um quer matar o outro, e só na conclusão saberemos se existem mocinhos e bandidos nessa história. Mas os protagonistas, de fato, são interpretados por Brad Pitt, Joey King, Aaron Taylor-Johnson, Brian Tyree Henry e Andrew Koji.
Mistura moderna de comédia e ação
O estilo moderno de visual segue aquele que despontou em filmes como Todo Mundo Quase Morto (Shaun of the Dead, 2004), de Edgar Wright. Ou seja, gráficos na tela para explicar a cena ou apresentar personagens, câmera que se desloca rapidamente, slow motion nas cenas de ação, violência gráfica artificial, cores fortes. Geralmente, o humor negro acompanha essa estilização, e Trem-Bala não foge à regra. Mas aqui a comédia ganha um tom mais pastelão em alguns momentos, principalmente com o personagem azarado (será?) de Brad Pitt, e com a dupla Tangerina e Limão (Aaron Taylor-Johnson e Brian Tyree Henry).
Se não fosse por esse toque caricato, que se aproxima de Deadpool, o filme seria um Quentin Tarantino em patamar de superprodução. Afinal, as lutas, muito bem filmadas, se inspiram no cinema samurai japonês (fonte na qual Tarantino busca constante inspiração). E, dessa forma, mantém contato com a obra que originou o filme.
Trama intrincada
Nesse ritmo de aceleração máxima, não adianta se prender em todos os detalhes da trama. São personagens demais e matutar sobre a relação de cada um deles durante o desenrolar do enredo pode atrapalhar o prazer de se divertir com a ação e as piadas. No livro, deve funcionar melhor, pois há tempo para refletir e até voltar algumas páginas se necessário. O melhor, ao assistir ao filme é relaxar, afinal, tudo será explicado na parte final. A conclusão, aliás, eleva tudo à potência máxima, e procura ser bombástico, com destruição total de tudo e todos. E ainda guarda espaço para uma cena pós-créditos que faz calar o espectador que torceu o nariz para a solução deus ex-machina que viu minutos antes.
Enfim, é um filme divertido, mas que aposta bastante no humor absurdo, que não se leva a sério. Então, não é para todo tipo de fã de filmes de ação. Mas quem gosta dessa mistura entre caricatura e violência, vai adorar.
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Sinopse:
Um assassino de aluguel azarado está decidido a fazer apenas mais um trabalho de forma tranquila, depois de ter passado por tantos outros que saíram do seu controle. O destino, entretanto, tem outros planos, e a última missão de Joaninha o coloca em rota direta de colisão com adversários letais vindos de todas as partes do globo — todos com objetivos conflitantes, porém conectados, no trem mais rápido do mundo. E ele precisa encontrar uma maneira de desembarcar.
Ficha técnica:
Trem-bala | Bullet Train | 2022 | Japão, EUA | 126 min | Direção: David Leitch | Roteiro: Zak Olkewicz | Elenco: Brad Pitt, Joey King, Aaron Taylor-Johnson, Brian Tyree Henry, Andrew Koji, Hiroyuki Sanada, Michael Shannon, Sandra Bullock, Zazie Beetz.
Distribuição: Sony.
