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Três Verões (filme)
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Três Verões

Avaliação:
7/10

7/10

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Crítica | Ficha técnica

Três Verões traz para as telas o tema atualíssimo do Lava Jato, sob o ponto de vista privilegiado de quem testemunhou seus efeitos de perto. Não estamos falando dos próprios indiciados, mas de seus empregados, que permaneceram nas ricas mansões sem uma situação definida.

No caso do filme, essa perspectiva é individualizada em Madá, vivida por Regina Casé. Ela é a caseira de Edgar, um empresário envolvido em desvio de verbas para escolas e hospitais. A narrativa possui três capítulos, que se passam na época de festas de fim de ano de 2015 a 2017.

No primeiro deles, rola uma grande festa animada na casa, enquanto Edgar tenta se desvencilhar de alguns telefonemas incômodos. Em paralelo, Madá alimenta o sonho de ter um quiosque na estrada. Em 2016, as festas são repentinamente canceladas, e os patrões fogem para o exterior, em meio à uma investigação da Polícia Federal. Por fim, em 2017, os empregados já estão vivendo sozinhos na casa, dando um jeito de conseguir ganhar algum dinheiro alugando-a para curtos períodos.

Lição moralista

A chave moralista de Três Verões se encontra na figura do pai de Edgar. No primeiro ano, ele nada fala, e se recusa a participar da festança. A princípio, pensamos que ele está assim porque se encontra debilitado pela doença. Porém, no segundo segmento, descobrimos que ele não falava porque sentia vergonha do filho, por causa dos trambiques dele. Na verdade, ele está bem lúcido e, logo ajuda Madá a conseguir dinheiro, já que o patrão não paga mais os salários dela e dos demais empregados.

Apesar do tema sério do filme, seu tom predominante é o da comédia. Principalmente, pela presença da atriz Regina Casé, que consegue retratar sua personagem resvalando na caricatura. Aliás, esse papel se assemelha muito ao que ela interpreta em Que Horas Ela Volta?, de Anna Muylaert. Porém, ela comprova que é capaz de viver outras facetas no próprio filme, quando ela entrega uma emocionante atuação dramática num trecho metalinguístico em que os empregados alugam a casa para a produção de um filme.

Comédia

Por outro lado, Três Verões possui seus momentos de comédia escrachada. Por exemplo, quando os empregados levam turistas de lancha a conhecer outras mansões embargadas pela Justiça por processos de corrupção.

A diretora Sandra Kogut, de Campo Grande, consegue manter seu filme enxuto, através do uso consciente das elipses. Nesse sentido, ela deixa de fora os trechos da prisão do patrão, da morte do avô, e dos processos judiciais. Dessa forma, concentra a ação na perspectiva de Madá, que se alinha com o tom leve de Três Verões.

Por fim, apesar de não ser uma obra política, Três Verões registra um retrato de um Brasil corrompido, onde os mais pobres são afetados, mas seguem suas vidas, e os próprios corruptos vivem bem no exterior. Assim, os únicos que sofrem são aqueles que ainda prezam seus valores morais.


Três Verões (filme)
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