A primeira temporada da série True Detective da HBO leva o espectador para um mergulho instigante sobre um crime com características de ritual na região sulista dos EUA, investigados pela dupla de policiais Rust Cohle (Matthew McConaughey) e Martin Hart (Woody Harrelson) em 1995.
Alternando a investigação resolvida em 1995, com uma entrevista individual conduzida pela polícia com Rust e Martin nos dias de hoje, a trama levanta a possibilidade de que a dupla de agentes foi usada para mascarar os verdadeiros culpados pelos crimes em série, envolvidos com gente importante. Essa desconfiança sempre atormentou Rust, que acabou se desligando da polícia e ficou obcecado com o caso. A acareação atual acaba disparando a retomada da investigação, desta vez de forma não oficial, como agentes particulares.
Mórbido e perturbador
Desde a abertura mórbida com imagens perturbadoras ao som lúgrube de “Far From Any Road”, da banda The Handsome Family, tudo contribui para o clima sinistro da série True Detective. A ideia dos crimes em séries em que a vítimas são mortas com uma coroa de galhos na cabeça, provavelmente sacrificadas em algum ritual, é intrigante e coloca o espectador ávido por descobrir o que aconteceu. Alternar acontecimentos de 1995 com a entrevista atual induz ao questionamento se o misterioso protagonista Rust estaria envolvido de alguma forma nesses crimes. Principalmente diante da soberba atuação de Matthew McCounaghey. Igualmente, Woody Harrelson também compõe um contraponto mais humano, e cheio de falhas, que funciona perfeitamente na química dessa dupla.
Durante seus oito episódios, o clima de terror aumenta e a expectativa de algo extremamente sinistro e talvez até sobrenatural cresce até o clímax do último episódio, que é tremendamente tenso. Ao mesmo tempo, a série permite várias alusões religiosas e até poéticas. Rust, com seu perfil não convencional, é incompreendido em sua missão, e uma justaposição de imagens o aproxima de Jesus Cristo. De fato, ele deseja salvar as pessoas da escuridão. No diálogo final, a poesia é pessimista. Há uma constante luta entre luz e escuridão, e o céu à noite se mostra predominantemente escuro, salvo por algumas estrelas, que representam a esperança de salvação. Como retrato de um mundo tomado pela maldade, as luzes são poucas, como poucos são os Rusts e Martins nessa batalha.
