Talvez o único elogio que Tubarão: Mar de Sangue (Shark Bait) mereça é que o seu predador está bem convincente. Isso não é pouco num filme desse gênero, pelo contrário, representa um ponto essencial. Porém, não o suficiente para sobreviver a um escrutínio crítico.
Sétimo longa de James Nunn, um diretor especialista em filmes de ação, Tubarão: Mar de Sangue apresenta uma trama repleta de clichês. A história se passa numa praia mexicana, onde cinco jovens passam as férias.
Logo de cara, Nat (Holly Earl) se diferencia dos outros por ser a mais sensata do grupo. Ao contrário dos seus amigos, ela trata bem o mendigo que os alerta sobre o tubarão, e é contra a ideia de eles roubarem dois jet skis e partirem para o alto-mar. Além disso, ela descobre que o namorado Tom (Jack Trueman) a traiu com a amiga Milly (Catherine Hannay). O namorado reclama que Nat é boazinha demais e quer agradar a todos, o que seria uma oportunidade para fechar o arco dessa personagem, mas que o filme desperdiça. Nem precisa dizer que todos serão castigados pelo tubarão exceto Nat, que desde o início ninguém tem dúvida de que será a sobrevivente.
Enredo à deriva
O primeiro terço do filme se dedica a apresentar os personagens. Demora até o tubarão aparecer e, enquanto isso, o enredo se arrasta, principalmente depois que eles ficam à deriva no mar. Embora corram risco de morrerem, Nat e Tom entram numa improvável discussão de relacionamento. Finalmente, o grande tubarão branco aparece e até causa surpresa que ele seja tão convincente. Um belo trabalho de efeitos especiais e visuais.
Mas o diretor James Nunn desperdiça a presença desse tubarão realista. Ao escolher os planos errados, Nunn não consegue provocar os esperados sustos nas aparições surpresas do predador. Ora a câmera está muito longe, ora numa perspectiva objetiva quando devia estar na visão da vítima. Além disso, banaliza e usa de forma incorreta a visão de dentro da água, que Steven Spielberg utilizou como se fosse o ponto de vista do tubarão antes de atacar. Pouco sutil, Nunn prefere apelar para o terror gore, em cenas com corpos dilacerados.
O que ajuda a sustentar o interesse pelo filme é a protagonista Nat, uma jovem corajosa, correta e inteligente. Na verdade, inteligente até a parte final, quando o roteiro devia aproveitar para mostrar que ela amadureceu durante essa dura experiência. Assim, causaria uma boa surpresa a vermos deixando para trás o namorado infiel, talvez até usando-o para distrair o tubarão e poder fugir. Isso representaria que ela deixou de tentar agradar os outros o tempo todo. Mas não, Tubarão: Mar de Sangue prefere continuar a seguir o caminho fácil dos clichês.
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Ficha técnica:
Tubarão: Mar de Sangue | Shark Bait | 2022 | Reino Unido | 87 min | Direção: James Nunn | Roteiro: Nick Saltrese | Elenco: Holly Earl, Jack Trueman, Catherine Hannay, Malachi Pullar-Latchman, Thomas Flynn, Manuel Cauchi.
Distribuição: Paris Filmes.